A Piedade
Eu urrava nos poliedros da Justiça meu momento
abatido na extrema paliçada
Os professores falavam da vontade de dominar e da luta pela vida
As senhoras católicas são piedosas
Os comunistas são piedosos
Os comerciantes são piedosos
Só eu não sou piedoso
Se eu fosse piedoso meu sexo seria dócil e só se ergueria aos sábados à noite
Eu seria um bom filho meus colegas me chamariam cu-de-ferro e me fariam perguntas: por que navio bóia? Por que prego afunda?
Eu deixaria proliferar uma úlcera e admiraria as estátuas de fortes dentaduras
Iria a bailes onde eu não poderia levar meus amigos pederastas ou barbudos
Eu me universalizaria no senso comum e eles diriam que tenho todas as virtudes
Eu não sou piedoso
Eu nunca poderei ser piedoso
Meus olhos retinem e tingem-se de verde
Os arranha-céus de carniça se decompõem nos pavimentos
Os adolescentes nas escolas bufam como cadelas asfixiadas
Arcanjos de enxofre bombardeiam o horizonte através dos meus sonhos
Piva, Roberto. Em poema piedade.
sexta-feira, 11 de abril de 2008
Piedade
2 comentários:
- Chegue diante do quadro sem intenção preconcebida de sarcasmo.
- Olhe para a pintura do mesmo modo como olharia para uma pedra talhada. Aprecie as facetas, a originalidade da formam, a luta com a luz, a disposição da linha e das cores [...]
- Escolher um detalhe que seja a chave do conjunto, fixá-lo por um bom tempo, e o modelo surgirá.
- Nessa última comparação, deixar-se levar até as regiões da mais requintada Alusão.
Max Jacob
Que os vasos se comuniquem!
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te adoro.
ResponderExcluirBom dia para você e uma ótima semana!
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