NOTHING Nada nada nada Nada mais do que nada Porque vocês querem que exista apenas o nada Pois existe o só nada Um pára-brisa partido uma perna quebrada O nada Fisionomias massacradas Tipóias em meus amigos Portas arrombadas Abertas para o nada Um choro de criança Uma lágrima de mulher à-toa Que quer dizer nada Um quarto meio escuro Com um abajur quebrado Meninas que dançavam Que conversavam Nada Um copo de conhaque Um teatro Um precipício Talvez o precipício queira dizer nada Uma carteirinha de travel's check Uma partida for two nada Trouxeram-me camélias brancas e vermelhas Uma linda criança sorriu-me quando eu a abraçava Um cão rosnava na minha estrada Um papagaio falava coisas tão engraçadas Pastorinhas entraram em meu caminho Num samba morenamente cadenciado Abri o meu abraço aos amigos de sempre Poetas compareceram Alguns escritores Gente de teatro Birutas no aeroporto E nada. Poema: Patricia Galvão Publicado na Tribuna de Santos no ano de 1962 |
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Nada, Nada, Nada...
Um comentário:
- Chegue diante do quadro sem intenção preconcebida de sarcasmo.
- Olhe para a pintura do mesmo modo como olharia para uma pedra talhada. Aprecie as facetas, a originalidade da formam, a luta com a luz, a disposição da linha e das cores [...]
- Escolher um detalhe que seja a chave do conjunto, fixá-lo por um bom tempo, e o modelo surgirá.
- Nessa última comparação, deixar-se levar até as regiões da mais requintada Alusão.
Max Jacob
Que os vasos se comuniquem!
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tudo tudo tudo.
ResponderExcluirmesmo diante do nada.
tudo tudo tudo.