quarta-feira, 25 de novembro de 2009

A chuva caí fina enquanto o gado pasta tranquilo e pensativo em uma tarde de primavera!

“Sou bastante fiel na minha infidelidade, e embora mudado, continuo igual, e a minha única ânsia é: como posso ser útil ao mundo, será que não posso servir a alguma finalidade e ter alguma serventia, como fazer para aprender mais e estudar profundamente  certos assuntos? Você vê, é isso o que me preocupa constantemente, e então me sinto aprisionado pela pobreza, excluído da participação em determinado trabalho e certas coisas necessárias se encontram fora do meu alcance. Eis aí um motivo para não escapar à melancolia e aí se sente um vazio onde deveria haver amizade e fortes e sérias afeições, e um terrível desânimo rói a nossa própria  energia moral, e o destino parece opor uma barreira aos instintos  da afeição, e uma inundação de desgosto se levanta para nos sufocar”.      
(Miller, Henry. A Hora dos Assassinos, Ed. L&PM, pp. 47)


“O mundo detesta a originalidade; ama o conformismo, só quer escravos e mais escravos. O lugar do gênio é na sarjeta, cavando valas, ou nas minas ou pedreiras, uma toca qualquer onde seus talentos não sejam utilizados. Um gênio á procura de emprego: eis aí uma das visões mais tristes do mundo. Não se encaixa em lugar nenhum, ninguém o quer. É desajustado, diz o mundo. E com isso, lhe batem rudemente com a porta na cara. Mas não existe, então, nenhum lugar para ele? Claro que sim, sempre existe, bem no fundo. Nunca o encontraram lá nas docas, carregando sacas de café ou qualquer outra mercadoria “de primeira necessidade”? Não observaram como lava bem os pratos da cozinha dos restaurantes infectos? Já o enxergaram levando malas e maletas na estação ferroviária?”
(Miller, Henry. A hora dos Assassinos, Ed. L&PM, pp. 52)


3 comentários:

  1. Caro amigo li novamente o trecho do livro Miller, Henry. A Hora dos Assassinos, Ed. L&PM, pp. 47. sabe também me pergunto qual a minha finalidade, qual meu espaço neste mundo, mesmo ocupando um espaço tão pequeno sinto que não é meu, que não faço parte dele. Preciso saber pra que sirvo não pra quem servir.
    João

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  2. normalmente são "insubordináveis" e isso assusta o poder.

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- Chegue diante do quadro sem intenção preconcebida de sarcasmo.

- Olhe para a pintura do mesmo modo como olharia para uma pedra talhada. Aprecie as facetas, a originalidade da formam, a luta com a luz, a disposição da linha e das cores [...]

- Escolher um detalhe que seja a chave do conjunto, fixá-lo por um bom tempo, e o modelo surgirá.

- Nessa última comparação, deixar-se levar até as regiões da mais requintada Alusão.

Max Jacob


Que os vasos se comuniquem!

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