quarta-feira, 12 de março de 2008

Trópico de Cancêr


Henry Miller



"Não tenho dinheiro, nem recursos, nem esperanças. Sou o mais feliz dos homens vivos. Há uma ano, há seis meses, eu pensava ser um artista. Não penso mais nisso. Eu sou. Tudo quanto era literatura se desprendeu de mim. Não há mais livros a escrever.


E isto então? Isto não é um livro. Isto é injúria, calúnia, difamação de caráter. Isto não é um livro, no sentido comum da palavra. Não, isto é um prolongado insulto, uma cusparada na cara da Arte, um pontapé no traseiro de Deus, do Homem, do Destino, do Tempo, do Amor, da Beleza... e do que mais quizerem. Vou cantar para você, um pouco desafinado talvez, mas vou cantar. Cantarei enquanto você coaxa, dançarei sobre seu cadáver sujo...


Para cantar é preciso primeiro abrir a boca. É preciso ter um par de pulmões e um pouco de conhecimento de música. Não é necessário ter harmônica ou violão. O essencial é querer cantar. Isto é, portanto, uma canção. Eu estou cantando.




MILLER, Henry, Trópico de Cancêr. pág: 07,08. ed. Nova cultural

2 comentários:

  1. hummmmmmmmmm muito, muito bacanaaaaaaaaaaa

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  2. Ainda ontem me lembrava de ti, enquanto passeava pela biblioteca. Tentei caçar o Trópico de Cancêr, mas não achei em canto nenhum. Nem ele, nem Anais.

    Que coisa! Fiquei irritada, rsrsrs.


    abraços meu caro.
    obrigado por aparecer lá no Reino.
    é sempre bom lhe encontrar por lá ^^'

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- Chegue diante do quadro sem intenção preconcebida de sarcasmo.

- Olhe para a pintura do mesmo modo como olharia para uma pedra talhada. Aprecie as facetas, a originalidade da formam, a luta com a luz, a disposição da linha e das cores [...]

- Escolher um detalhe que seja a chave do conjunto, fixá-lo por um bom tempo, e o modelo surgirá.

- Nessa última comparação, deixar-se levar até as regiões da mais requintada Alusão.

Max Jacob


Que os vasos se comuniquem!

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