sexta-feira, 16 de maio de 2008

A produção cultural na ótica piqueteira



“O novo artista protesta”, escreveu Tzara em 1919. “Ele não pinta mais: ele cria diretamente”.



É aquele que através de sua produção cultural, resiste e luta da mesma forma que o outro que esta no piquete, pois dentro da perspectiva dos MTD´S, (Movimento dos trabalhadores desempregados da periferia da Argentina), e a partir de novas formas de relações sociais que há entre os moradores, não há uma ruptura entre a política e a arte; ambas fazem parte de uma mesma construção de realidade, que foge dos padrões preestabelecidos pela grande mídia e seus algozes.
O novo artista esta em todos os lugares, e procura por brechas para mostrar que sua forma de luta também é válida.
Este novo artista é reflexo da realidade no qual ele esta inserido, ele é o espelho da luta e da resistência destas organizações populares, é através das diversas formas de representatividade destes artistas (música, teatro, literatura), que é possível há construção de uma cultura dentro das relações sociais que os moradores dos bairros da periferia de Buenos Aires, constroem diariamente.
Assim como a ação direta dos piqueteiros, a resistência cultural destes movimentos é um tapa na cara, das grandes corporações, pois é através da cultura popular e da luta diária destes moradores que ressurge a auto-estima e a imaginação de um povo que caminha com suas próprias pernas.
O novo artista, é fruto do cotidiano, é reflexo da luta dos trabalhadores e de suas diversas formas de resistência, é aquele que tem vontade de destruir, e ao mesmo tempo criadora, pois é em cima dos destroços de um sistema que ele não mais aceita que ele cria novas formas de relações sociais, e alternativas que não dependem do aparato governamental.
O novo artista não é representado pela arte aceita, pois está tem que ser destruída, se foi aceita é porque é inofensiva, o novo artista não é inofensivo, ele ofende a moral pré-estabelecida que só pune e castiga os inocentes, ele agride quem diz que o povo tem que ser submetido a partidos e a planos metafísicos representados por um paraíso distante, o novo artista esta dentro de todos os moradores dos bairros da periferia não só de Buenos Aires, mas de todos os outros, que vem na organização popular e autônoma, novas formas de resistência.

A arte e a revolta se morreram com o último homem
Albert Camus.

Juan  Moravagine

Um comentário:

  1. Também vejo isso no povo brasileiro. No seu artesanato feito com fibras de coco...ou "fuxico" que leva a arte da favela para as passarelas de "Fashions Weeks" por aí. No grafite que estampa os muros da Avenida Paulista. Do Rap da Periferia. De Cartolas e Piazzolas que ainda nascem todos os dias. O dom não tem classe social. A criatividade independe de condição econômica...Graças a Deus, né?
    Mariah

    ResponderExcluir

- Chegue diante do quadro sem intenção preconcebida de sarcasmo.

- Olhe para a pintura do mesmo modo como olharia para uma pedra talhada. Aprecie as facetas, a originalidade da formam, a luta com a luz, a disposição da linha e das cores [...]

- Escolher um detalhe que seja a chave do conjunto, fixá-lo por um bom tempo, e o modelo surgirá.

- Nessa última comparação, deixar-se levar até as regiões da mais requintada Alusão.

Max Jacob


Que os vasos se comuniquem!

Related Posts with Thumbnails