sexta-feira, 21 de agosto de 2009

...

...Nunca deixei...
No dia frio tão esperado ... caminho pelas ruas de São Paulo em busca de algo que ficou para trás.Acompanhado de minha eterna companheira, aquela que nunca vai me abandonar, tento fugir da chuva que chegou sem avisar. Me escondo embaixo do vão do MASP projetado por um artista trancado em seu quarto que se nega a perceber que o seu fim chegou.

Enquanto à chuva caí observo o volume de água aumentar no asfalto sendo jogada para longe por carros apressados. O vento agora mais intenso faz meu cigarro ter seu fim antecipado como no trecho da canção do Cordel do Fogo Encantado: (estou fumando o cigarro da saudade e a fumaça escrevendo o nome dela), o sol furado luta bravamente contra as nuvens escuras que se aproximam dele enquanto apesar de não fumar vejo o dito cujo se dissolver em uma poça de água.

Os guarda-chuvas mesmo inúteis continuam sendo usados, as barras das calças molhadas, os sapatos encharcados, e as pastas debaixo dos braços protegidas como algo raro e de extrema importância.

Infelizmente o duelo no céu entre o sol e a tempestade mais uma vez passou despercebido, do outro lado à observa tudo, a lua comenta consigo mesmo "não adianta esperar algo daqueles que nasceram para se prender em suas próprias jaulas mesmo elas estando abertas".

Aos poucos o duelo começa o seu fim, aproveito e saio pelas ruas respirando e sentindo os restos da luta que ainda caem do céu. A noite começa a chegar e agora do outro lado da cidade subo as escadas do edifício trancado porém ainda habitado, divulgado e motivo de orgulho de muitos de seus habitantes. Já dentro dele subindo pela sua rampa ainda vejo ....ou melhor me recordo de um trecho de um livro da Anaïs Nin: (Já vi o romantismo sobreviver aos realistas. Já vi homens esquecerem-se das belas mulheres que possuíram...e lembrarem-se da primeira mulher que idolatraram, a mulher que nunca poderiam ter...a mulher que os estimulou romanticamente, literalmente os possui). Se fazendo presente mesmo na ausência.


Juan Carlo Moravagine






4 comentários:

  1. adoro quando Juan escreve...com a alma livre. Juan é melhor que Goethe ou Sheakespeare..quando escreve por Juan.
    Creia em mim...vc é muito bom!
    beijos

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  2. Henry Miller dizia que temos que nos libertar dos escritores que admiramos para podermos criarmos nosso próprio estilo.
    Acho que foi neste sentido que vc se colocou, só tenho a agradecer vc, sempre me dando força.

    abraço

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  3. Rafael vc sumiu cara. não consigo falar com vc, para variar seu celular deve estar desligado até hoje não sei para que vc têm um, nunca usa, Email vc não responde.
    Seu Blog é legal o Fabio que me disse que vc tinha um e me passou o endereço.
    Aparece nos ensaios cara para conversarmos ainda estou morando com a Luiza. há última vez que nos falamos foi em 2005 no show do Sonic Youth...depois vc sumiu, espero que vc esteja melhor daqueles problemas.
    Aliás vc têm que conhecer minha filha.

    abraço

    Lucas

    Lucas
    abraço

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- Chegue diante do quadro sem intenção preconcebida de sarcasmo.

- Olhe para a pintura do mesmo modo como olharia para uma pedra talhada. Aprecie as facetas, a originalidade da formam, a luta com a luz, a disposição da linha e das cores [...]

- Escolher um detalhe que seja a chave do conjunto, fixá-lo por um bom tempo, e o modelo surgirá.

- Nessa última comparação, deixar-se levar até as regiões da mais requintada Alusão.

Max Jacob


Que os vasos se comuniquem!

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