quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Primeiros Passos em uma tarde quente...

A dança
  
Ela estava sentada em um banco, olhava para baixo como se estivesse procurando algo. Suas roupas eram gastas, seus sapatos roxos e suas meias pretas,  seus cabelos eram vermelhos e sua pele branca, suas mãos pequenas, com unhas pintadas de cor café. Estas mesmas mãos ajeitavam seus cabelos atrás da orelha, orelha esta que por sua vez tinham brincos em forma de argolas pequenas, seu olhar parecia esconder os mistérios do mundo.

Suas pernas estavam cruzadas e um dos pés balançava parecendo marcar o tempo, seus lábios se mechiam devagar, seus dentes passeavam pelos seus lábios enquanto seu olhar se perdia em algo que só ela pode saber.
O banco em que ela estava sentada é de madeira e está no chão de uma praça no centro da cidade. Agora que percebo que lágrimas caem de seus olhos, mesmo com um olhar distante as lágrimas estão presentes em seu rosto, o motivo pelo qual ela chora pode estar em qualquer lugar, mas o motivo pelo qual eu sinto o calor de suas lágrimas é algo que só eu sei.
As marcas do tempo estão em seu rosto já gasto pela vida e pelas lembranças de um passado que pertence há todos nós. Às vezes parece que ela não existe que é apenas uma miragem, uma personagem que eu criei para representar uma peça que nunca escrevi.
Vocês leitores devem estar se perguntando quem é esta mulher, e por qual motivo ela chora vocês também devem estar se perguntando quem eu sou, e por que resolvi rabiscar estas páginas.
Em primeiro lugar é bom lembrar que isto não é uma história, provavelmente, a mulher sentada no banco da praça não exista, a única coisa que importa neste momento tanto a mim quanto a vocês é saber seu eu existo e se vocês existem.

As luzes se acendem enquanto o alto-falante avisa que o parque está fechando.
Levanto minha cabeça e me deparo com algo inusitado, estou sozinho, não tem ninguém no parque além de mim. Está nova situação me perturba!
Pergunto-me onde a mulher do banco está a que horas ela foi embora? Será que eu cochilei, e ela se foi sem eu perceber? Ou será que ela não existe, a dúvida que antes era só de vocês, agora também é minha.
Ela existe mesmo?
A praça existe?
O banco existe?
E eu existo?
E se existo, onde estive, onde estou e para onde vou?
Levanto-me e saio andando em direção ao portão de saída. Minha bolsa está mais pesada que o normal, mas não me importa apesar de não saber o que tem dentro dela não a abro e continuo a caminhar em direção a saída...Continua

Juan Moravagine Carneiro

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- Chegue diante do quadro sem intenção preconcebida de sarcasmo.

- Olhe para a pintura do mesmo modo como olharia para uma pedra talhada. Aprecie as facetas, a originalidade da formam, a luta com a luz, a disposição da linha e das cores [...]

- Escolher um detalhe que seja a chave do conjunto, fixá-lo por um bom tempo, e o modelo surgirá.

- Nessa última comparação, deixar-se levar até as regiões da mais requintada Alusão.

Max Jacob


Que os vasos se comuniquem!

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