quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Sem lamentações...

"...Não gosto de falar das etapas da minha vida porque a dor se remexe. Mas assim é. Vive-se em capítulos. E é preciso aceitar. Muita gente à minha volta andou injetando rancor e ódio no meu coração. O final era previsível: ingressar no caos, seguir para baixo e não parar até o inferno. Quando estivesse assando no azeite e no enxofre em chamas, não haveria mais remédio.
   Já estava seco e fedendo a gases sulfúricos quando consegui deter a queda. E comecei a recuperar algo do melhor. Me custou esforço. Nunca voltei a ser o mesmo. Por sorte a vida é irreversível. E, sobretudo, não continuei rodando até o inferno. Provas que a vida nos impõe. Se não se sabe, ou não se consegue superá-las, ai se tomba. E talvez não se tenha tempo nem pra se despedir..."

Trecho do conto Deixando para trás o inferno de Pedro Juan Gutiérrez

2 comentários:

  1. Nunca voltei a ser o mesmo. Por sorte a vida é irreversível.

    uhhhh, Gutierrez é contundente. E eu ADORO!

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  2. a vida é irreversível? só depois da morte...enquanto "ela" (a morte) não me vencer...continuo na luta tentando "reverter" o que não deu certo. é minha vingança contra as cagadas que me acontecem...

    não sei de onde você tira tanto otimismo!

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- Chegue diante do quadro sem intenção preconcebida de sarcasmo.

- Olhe para a pintura do mesmo modo como olharia para uma pedra talhada. Aprecie as facetas, a originalidade da formam, a luta com a luz, a disposição da linha e das cores [...]

- Escolher um detalhe que seja a chave do conjunto, fixá-lo por um bom tempo, e o modelo surgirá.

- Nessa última comparação, deixar-se levar até as regiões da mais requintada Alusão.

Max Jacob


Que os vasos se comuniquem!

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