sexta-feira, 26 de março de 2010

Espelho desolado...


A sociedade do espetáculo faz mais uma vitima ( o show de câmeras, lentes, fotos, angulos, opiniões,...), parecia um set de filmagem....supostos furos...telefonemas exclusivos...prepotência, despreparo...feridas de uma sociedade perdida em sua realidade existêncial onde o vazio reside em todas as casas, vielas e becos.
Vazios esses que muitos tentam preenche-los com muletas ilusórias...ora metafisicas..ora materilialistas, porém sabemos que uma hora ao nos voltarmos para dentro de nós mesmos, descobrimos coisas que desconheciamos sobre nós mesmos......A realidade se transforma em espetáculo dentro da ótica hipocrita e sensacionalista do "shownarlismo" que alimenta os algozes de fardas, ternos, vestidos Chanel e microfones na mão...
Democracia, Justiça...palavras charmosas que quando acariciadas mostram suas garras e sorrisos banhados de glamour em um espaço historicamente demarcado por poucos e para poucos...Fernando Pessoa em seu poema Tabacaria diz " ...Janelas do meu quarto, do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é...". Ah! os espaço demarcados, higienização, Hausmann com seu "belo e limpo" pensamento em relação as cidades com suas vistas para o "progresso"...as janelas do progresso...aonde elas estão? Em que espaços? Contextos? Janelas do meu quarto...existem tantos quartos, tantos pais, tantas crianças...Mas...!
Só esqueceram de avisar as pessoas, a mãe, o pai e os irmãs e amigos que não era um set de filmagem e sim realidade, as balas não eram de festim entrando pelas janelas de barracos estraçalhando o corpo de uma criança...Ah! "..Janelas do meu quarto, do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é...", por isso que a marcha fúnebre prossegue!

Juan Moravagine Carneiro




3 comentários:

  1. A castração também reside em todas as casas e alguns furiosos vão pra rua tentar provar que ela não existe, como se isso ou aquilo fosse capaz de tapar o buraco de uma perda essencial.
    Qual é o limite? A sociedade do espetáculo (grotesco), como diria Debord, não quer saber que o saber também é limitado e provoca a cada dia um gozo desenfreado, doentio.

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  2. Seu comentário, Juan, me lembrou aquela cantada da R. Lee: "Do meu esconderijo no milésimo andar, espio noite e dia sua vida secreta..."
    Mas acontece que hoje a janela do sujeito não esta cimentada num prédio, numa casa. Ele a leva para todo lugar, o olhar é indecente e não se esconde. Na atual sociedade o cara já não espia, ele invade.

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  3. Na chamada sociedade do espetáculo nõa podemos caír na armadilha de analisarmos de forma dictomica elementos como "Exibicionismo e Voyerismo", pois ambos acabam fazendo parte de uma mesma construção do "perverso" no sentido de se tentar preencher o vazio deixado pela falta...!
    Não acredito que hoje o olhar seja indecente, pois na sociedade em questão mesmo tendo a "ilusão" do "gozo total", acabos alimentando sentimentos de culpa. O olhar não é indecente pelo contrário, ele é conservador porém enquadrado dentro da lógica consumista da sociedade do espetáculo, logo, ao levar meu olhar para todo lugar como você diz acabo adentrado na necessidade do olhar do outro me permitir a "gozar" para que todas possam ver (exibicionismo), e consequentemente gozarem comigo no sentido do meu olhar autorizar o outro em seu "gozo".

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- Chegue diante do quadro sem intenção preconcebida de sarcasmo.

- Olhe para a pintura do mesmo modo como olharia para uma pedra talhada. Aprecie as facetas, a originalidade da formam, a luta com a luz, a disposição da linha e das cores [...]

- Escolher um detalhe que seja a chave do conjunto, fixá-lo por um bom tempo, e o modelo surgirá.

- Nessa última comparação, deixar-se levar até as regiões da mais requintada Alusão.

Max Jacob


Que os vasos se comuniquem!

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