quinta-feira, 8 de abril de 2010

Pesadelos de Diane Di Prima

"...Bem, vim passar fome num lugar mais quente por causa da praia e me parecia que tudo estaria perfeito se tivesse um ou outro livro comigo. Escrevi pois à minha mãe (encontrei papel) e disse para ela Posta Restante e depois voltei para a praia e esperei. Noites bastantes quentes para dormir e pescar tudo ótimo um poema escrito de tempos e depois pareceu tempo suficiente e voltei ao correio...

Uma encomenda disse um livro em meu nome e êles disseram identidade por favor. Procurei pelos bolsos mas uma onde de sorte levara os papéis com meu nome.

Por Favor, disse, por favor por favor por favor. Um livro dentro, Rimbaud, abram e vejam abram pelo amor de deus por favor.

Desculpe disseram mas por que não vai em casa disseram e apanha sua identidade.

Está certo disse vou pedir àquela onda na próxima vez que a encontrar mas agora me dêem êsse embrulho.

Desculpem disseram e puseram-no na estante
no alto

Atrás de uma tela de arame. Rimbaud ali e talvez comida enfiada provàvelmente em volta. Imagina você salame e latas de comida.

Por favor disse por favor bom até logo.

Até logo disseram.

Pesadelo I da poeta beat
(Diane Di Prima)

5 comentários:

  1. Eiii Rafa!!!

    Eu não devia nem me meter a comentar alguém que não conheço. Mas eu sou quase especialista no mundo dos sonhos, já que vivo nele mais tempo do que no mundo real. =P

    O assunto só me lembra de The Matrix nesse momento, e do meu medo de dormir sozinha às vezes. Sempre tenho pesadelos quando fico sozinha em casa.

    Interessante a fome dela por Rimbaud. Fome de leitura é coisa de gente diferente. Aí está uma alma com a qual eu poderia me dar bem. =) Às vezes também tenho vontade de devorar alguns autores. Desde que assisti "Onde vivem os monstros", tenho visto muito essa coisa de 'comer o outro' como uma expressão de cuidado e amor. Mas talvez isso seja mesmo só a minha visão torta.

    Adoro vir aqui. Beijo-te com carinho.

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  2. Mas deve ser cruel passar forme em lugar quente, se é que me entende...
    Talvez Bukowski pudesse se oferecer para ficar no lugar de Rimbaud - entre os salames e tal.rs

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  3. Por favor...

    Continue sempre postando ;)

    Há pouca vida inteligente e educada neste blogspot...

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  4. Olha! Agora que vi q meu blog estava relacionado aqui.
    Justo agora que resolvi desistir dele...
    rsrs

    Um amigo que indicou o 'Subcultura.org' certa vez. Tive dificuldade em digeri-lo. Gostei, mas estranhei bastante a princípio.
    Voltei lá depois de ver esse poema (que tb estranhei devido à pontuação, mas entendo que pesadelos, assim como não tem tanto sentido, não devem se preocupar com isso, nem com rimas, nem métrica...).
    Quando tiver mais tempo volto lá pra ler com mais calma. Dessa vez me foi mais fácil. Desceu sem arranhar tanto.

    Isso lá é idade pra me sentir insatisfeita?

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- Chegue diante do quadro sem intenção preconcebida de sarcasmo.

- Olhe para a pintura do mesmo modo como olharia para uma pedra talhada. Aprecie as facetas, a originalidade da formam, a luta com a luz, a disposição da linha e das cores [...]

- Escolher um detalhe que seja a chave do conjunto, fixá-lo por um bom tempo, e o modelo surgirá.

- Nessa última comparação, deixar-se levar até as regiões da mais requintada Alusão.

Max Jacob


Que os vasos se comuniquem!

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