No dia frio tão esperado de um verão indesejado caminho pelas ruas de São Paulo em busca de algo que ficou para trás.
Acompanhado de minha eterna companheira, aquela que nunca vai me abandonar, tento fugir da chuva que chegou sem avisar. Escondo-me embaixo de um vão projetado por um artista trancado em seu quarto que se nega a perceber que o seu fim chegou.
Enquanto à chuva caí observo o volume de água aumentar no asfalto sendo jogada para longe por carros apressados. O vento agora mais intenso faz meu cigarro ter seu fim antecipado e o sol furado luta bravamente contra as nuvens escuras que se aproximam dele...
Os guarda-chuvas mesmo inúteis continuam sendo usados, as barras das calças molhadas, os sapatos encharcados, e as pastas debaixo dos braços protegidas como algo raro e de extrema importância.
Infelizmente o duelo no céu entre o sol e a tempestade mais uma vez passou despercebido, do outro lado à observa tudo, a lua comenta consigo mesmo "não adianta esperar algo daqueles que nasceram para se prender em suas próprias jaulas mesmo elas estando abertas".
Aos poucos o duelo começa o seu fim, aproveito e saio pelas ruas respirando e sentindo os restos da luta que ainda caem do céu.
A noite começa a chegar e agora do outro lado da cidade subo as escadas do edifício trancado porém ainda habitado, divulgado e motivo de orgulho de muitos de seus habitantes. Já dentro dele ainda subindo vejo o que a muito não via ... seu olhar.
Trecho de (A Dança...), por Juan Moravagine Carneiro
Imagem: Pintura de Van Gogh
Poderia ser o meu retrato se eu morasse num apartamento em São Paulo. Vou deixar meu poema #244, que também nasceu de um Van Gogh, e um beijo carinhoso.
ResponderExcluirReinvento a noite estrelada
da janela do meu quarto
procurando em outras janelas insones
por alguém que,
como eu,
precise de um lugar para
repousar os olhos.
Alguém que,
como eu,
precise de um lugar no universo
- e de um amor que apague as luzes.
Hoje estou num dia ótimo, e esse negócio de lua me lembrou estrelas que me lembro "O caderno Rosa de Lori Lamby", aquele da Hilda:
ResponderExcluir“Todos nós estamos na sarjeta, mas alguns de nós olham para as estrelas.”
Oscar Wilde
“E quem olha se fode.”
Lori Lamby
gostei do texto e de como a poesia se fez social sem perder sua ternura
ResponderExcluirTexto de provocar sensações, incrível!
ResponderExcluirBelo texto Juan!
ResponderExcluirLí