Verão de 1911. Picasso está passando uma temporada na cidade de Céret, quando recebe o Paris-Journal com a seguinte manchete: (Roubaram a Monalisa do Louvre). Pior, um aventureiro belga tinha se apresentado, dizendo que foi ele quem roubou a tela e também mais três estatuetas do museu. Picasso faz as malas e volta para Paris. Ele conhecia o tal belga, um amigo de Apollinaire. E tinha comprado dele duas das três estatuetas roubadas. Foram usadas por Picasso como estudos para compor o quadro Les demoiselles d`Avignon... Apollinaire, que intermediou a tal compra, vai receber Picasso na estação de trem. Estão temerosos...
São estrangeiros e têm medo de ser deportados caso sejam descobertos. Juntos, tentam decidir como irão se desfazer dos objetos do delito. Pegam uma mala, colocam as duas estatuetas dentro e saem, decididos a atirá-la no Sena. Estão quase chegando quando avistam um vulto, dão meia-volta e desistem.
No dia seguinte, os artistas pegam a mala novamente e seguem para a redação do Paris-Journal. Eles tinham negociado com o jornal o segredo, em troca da publicidade que a notícia das estatuetas recuperadas traria para o veículo.
Dias depois, Apollinaire acorda com a campainha. Era a polícia, com um mandado de busca. Foi levado preso e indiciado por receptação e cumplicidade de roubo. No dia seguinte, a campainha soa no apartamento de Picasso. Levado à delegacia, é colocado cara a cara com Apollinaire. Diz várias vezes: "Mão conheço nem nunca vi esse homem". É liberado, mas o poeta fica mais cinco dias preso.
Apollinaire só seria totalmente inocentado meses depois. Nunca mais a amizade dos dois seria a mesma. No ano seguinte: seria revelado a identidade do ladrão da Jaconde um italiano, funcionário do museu, que pretendia levar a tela de volta a seu país de origem..."
Texto: Fragmento de um livro do grande Dan Franck
Imagem: Nu, folhas verdes e busto) de Pablo Picasso, de 1932, foi vendido em uma leilão por US$ 106,4 milhões.
OBS: Logo após este fato ter ocorrido, Picasso nunca mais foi visto pelos artistas de Paris como antes, o mesmo passou a ser visto como uma espécie de "traídor". Apollinaire foi um dos que mais defendeu Picasso antes deste fato, foi um dos que mais o ajudou. E mesmo depois de ter sido largado em uma cela de prisão se passando como mentiroso Apollinaire nunca revelou a verdadeiro identidade de Picasso......Ou seja, é por este e outros fatos que não considero Picasso o maior pintor do século XX, na verdade não coloco o mesmo nem entre os cinco melhores...!
O quadro presente no post (pintura de Picasso), foi vendido por US$ 106,4 milhões...Interessante se notar que no contexto não só de Picasso, como também de Apollinaire, Utrillo, Soutine entre outros, seus quadros eram trocados por pratos de sopas, ou vendidos para se pagar o aquecedor...!
(A arte quando aceita perde sua essência, e se torna adorno dentro de salas vazias)
o filme que conta a história da vida do Mondigliani também mostra uma outra face de Picasso...mas acredito que isso não tire sua genialidade!
ResponderExcluirvocê e os adornos....
Creio que a obra é a obra, muito além do artista criador. Reflete a genialidade, mesmo que não fale das verdades, da vida, do caráter de quem a fez. Mas, se arrebata - cumpriu o seu papel.
ResponderExcluirAbraços,
História interessante.
ResponderExcluirna minha opinião, Juan, o génio tem muito de louco, de incerto, de esquálido, mesmo. Agora que Picasso é grande, ufa, se é... não esqueço aquele dia em que, no Museu Rainha Sofia, em Madrid, deixei o peso de Guernika descer sobre mim, devagar, como resina pelo tronco do pinheiro, e agarrar-se notavelmente na pele (mas do lado de dentro, para que sabão nenhum o pudesse remover). esmagador, mesmo. a pequenez da trivialidade humana acentua-se no confronto com a genialidade. e essa, Picasso tem-na para dar e vender...
ResponderExcluirum abraço!
É Juan, bastante complicado e não se soluciona nada. Pois, a qualquer momento a ferida estará exposta, como efeito bola de neve ou dominó. Mas, infelizmente, está o humano [menoria] fadigados dos remendos. Gritemos por não sermos acometidos pela avalanche, por algo que não encaramos, e preferimos colocar máscaras.
ResponderExcluirPriscila Cáliga
A genialidade é incomensurável mas o valor é obsceno!
ResponderExcluirA arte tem 1 transformador, que no caso é o artista e muitos outros olhos donos, mãos donas, e por aí vai.
ResponderExcluirPicasso não me surpreende com esse fato - ele maltratava as mulheres.
E o poeta, talvez tenha ficado mais frio com as pinceladas da realidade.
Obrigada.
Não sabia, gostei tanto de encontrar essas informações e fazer a leitura. Interessante.
ResponderExcluirA bela tela que foi arrematada hoje é incrível, é Picasso materializado.
Não vê o homem Picasso... Este lado será sempre discutível em qualquer um de nós! O artista monstro é que evidencio! Um gigante, aliás!
ResponderExcluirBela postagem... Adoro essas histórias!
Abraços!
Nossa, que história! Admiro bastante o trabalho de Picasso.
ResponderExcluirÉ.....sem sobra de duvida SOMOS TODOS humanos,passiveis de muitos defeitos.
ResponderExcluirIsso pode ate invalidar o respeito pela pessoa,mas não diminui a grandeza de sua obra.
carinho
Vai ver a verdade é só a verdade e um homem é só um homem. A gente é que fica procurando algo de deus nos seres humanos, mas ele são humanos. O que se pode fazer quanto a isso?!
ResponderExcluirBeijo sempre carinhoso, Rafa.
Demorei pra digerir esse texto
ResponderExcluirli duas vezes
E as duas vezes acabei admirando a quadro do picasso
isso diz muita coisa
Juan, obrigado por nos trazer mais que o simples fato.
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