quinta-feira, 6 de maio de 2010

Mosaicos sobre "aquela que torna feliz"!

O relógio com os ponteiros quebrados se acomodam no alto de uma praça em quanto as vitrines da cidade... As pessoas dançam em volta da estátua de "Lieverdje" em chamas no ritual que se repete todos os sábados ministrado pelo Pontífice Grootveld em mais um de seus Happening onde o paradigma cartesiano não existe, e o ritmo do tempo não é pronto e acabado, pelo contrário, ele sempre renasce...como o fígado de Prometeu titã grego que roubou o fogo prioridade dos deuses dando ele aos humanos...Ah! o fogo sagrado que o filho de Clímene nos deixou também foi o deus de muitos lares reservados onde as mulheres de Atenas carregadas no colo eram apresentadas ao novo lar em uma cerimônia de casamento...
A chama viva nas palavras do poeta romano Ovídio que no limbo da Divina Comédia de Dante Alighieri encontrou o mesmo que não o acompanha ao rio Lete onde bebe a água que o faz renascer como o tempo místico de um Happening.
Mas o tempo que não é o mesmo..."passou" para Carolina que mata sua sede em um bebedouro de um prédio tombado, decorado com vitrais religiosos, corrimões de madeira e olhares fortuitos...em uma sala quente, abafada, pouco ventilada e sem cortina mas cheia de sonhos...Carolina que também freqüentava o famoso prédio sempre se atrasava e quando chegava com seus cabelos molhados a exposição do orador para mim acabava...Mas na sala a noiva da cidade...enquanto os slides passavam você descansava apoiada...e sendo assim eu tinha que ir! E quando encostada no canto de uma parede entre os tambores e os clarinetes, o novo e o velho com seu mar ao meio... seus olhos..."Ela o olhou, e ele sentiu que o consumia uma chama - até os ossos": trecho de Simple Twist of fate do Bob Dylan...Carolina que também tinha o rosto, a casa e a vida de atriz...Carolina que não é Carolina para mim está mais para Cecília...que de cabeça baixa de sandália e trança...ou nas esquinas da cidade toda de preto se perdendo na multidão se perguntando se ainda prefere o brilho do sol em uma tarde de inverno


Texto: Juan Moravagine Carneiro (Nomes de canções de Chico Buarque se faz presente no mesmo (negrito), logo se faz necessário ouvir as mesmas para adentrar no cerne  do texto)...Reeditado em razão da morte da mãe do compositor e também por certo olhar que mesmo ausente se faz presente!


Imagem: Tela do maior pintor expressionista da América (Pollock) e Cena do filme Acossado de Jeaqn-Luc Godard, 1959,

14 comentários:

  1. Toda vez que leio me perco. Deu trabalho da primeira vez, assim como na segunda e nesta também.
    Este é um dos quais mais gosto por misturar tanta informação sem cansar nem fugir do foco.
    Bjk.

    ResponderExcluir
  2. O Chico faz isso com a gente.

    Beijo.

    ResponderExcluir
  3. Preciso ouvir as músicas.

    Aliás, grande filme.

    Seu blog é bem mais bacana com essas imagens ;)

    ResponderExcluir
  4. Juan, morreu a mãe do Chico? ou percebi mal?
    Passe pelo Em@, por favor, tem lá algo para si.

    ResponderExcluir
  5. Adorei o texto e adoro imagens antigas.
    As imagens que uso são da net mesmo.
    Um beijo

    ResponderExcluir
  6. Godard, Pollock, Chico Buarque, Dante e mitologia.

    Posso passar noites em livros. Mas é no virtual que vejo, muitas vezes, realidades coexistentes.

    ResponderExcluir
  7. Sempre uma visão aguçada aqui neste espaço! Sempre uma nova aprendizagem... Sou alucinado pela mitologia. O pensamento grego do mundo é algo que pode ser aplicado ainda hoje. Ainda precisamos dos "Prometeus" para nos entregar o fogos deste mundo!!

    Meu aplauso!!

    ResponderExcluir
  8. Há um clima helênico, filosófico, intelectual no seu texto que mesclado à tristeza do nosso Chico nos remete a momentos muito especiais de contemplação.

    Belíssimo.

    ResponderExcluir
  9. Olá meu caro Juan, um texto que traz em seu bojo profundas reflexões... Obrigada por seu carinho em minhas postagens. Grande abraço.

    ResponderExcluir
  10. com música e cinema tudo fica mais charmoso.

    ResponderExcluir
  11. Perdoa a minha ignorância mas não conheço nada de Chico Buarque. Ele nunca entrou aqui em casa para ser bastante sincera. Ouvirei as músicas e voltarei com uma compreensão mais clara e um comentário mais rico.

    Beijo sempre carinhoso, Rafa.

    ResponderExcluir
  12. O entrelaço entre as diferentes manifestações da arte que você faz no texto é ótimo! Godard, Pollock, Dante, Chico Buarque... Muito bom!

    ResponderExcluir
  13. uma teia de personagens, rostos, percursos, figuras e outros tropos. condimentação perfeita para um romance capaz de nos prender. até porque se fica com a sensação de que tudo pode acontecer...
    um abraço, juan.

    ResponderExcluir
  14. Juan,
    Lindo!
    Adoro ler-te!
    Suas palavras em mim deixam imagens a perder-se em mosaicos tão coloridos!!

    Saudades suas!
    Apareça!
    Um enorme carinho!
    Mell

    ResponderExcluir

- Chegue diante do quadro sem intenção preconcebida de sarcasmo.

- Olhe para a pintura do mesmo modo como olharia para uma pedra talhada. Aprecie as facetas, a originalidade da formam, a luta com a luz, a disposição da linha e das cores [...]

- Escolher um detalhe que seja a chave do conjunto, fixá-lo por um bom tempo, e o modelo surgirá.

- Nessa última comparação, deixar-se levar até as regiões da mais requintada Alusão.

Max Jacob


Que os vasos se comuniquem!

Related Posts with Thumbnails