sexta-feira, 16 de julho de 2010

Palavras molhadas...


O corpo ausente tenta se aquecer
em uma noite fria e chuvosa
A manta fina e molhada é abraçada com força...

Os lábios roxos e rachados há muito tempo
não desejados
tentam se esconder

Enquanto os dentes gastos pelo tempo
raspam o concreto gelado
fincando suas raízes esquecidas

A lingua mutilada se retorce
em busca de uma saída
de uma porta
Diante de uma poça d`água banhada pelo
descaso...
Cheia de vômitos quentes de senhores infâmes
que sujam de molho suas camisas de seda
E carregam consigo a gargalhada de um chachorro morto

Ah! os filhos bastardos de Leto
que não nasceram em Delos
vagam esquecidos na "Ágora" paulistana!

Texto: Poema de Juan Moravagine Carneiro
Imagem: Trabalho de Lucien Freud

23 comentários:

  1. Fico sempre aguardando seus textos... Abraço!

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  2. Eu adoro quando você se escreve. Seus textos são sempre a melhor parte do blog pra mim. Beijo sempre grande pra vc Rafa. =*

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  3. é um texto ardente, nesse fri aqui do sul...gostei muito.

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  4. Bom tê-lo de volta, nesta briga intensa e dormente!
    Um bom abraço.

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  5. Concordo com Kenia, adoro quando coloca seus textos, são intensos e maravilhosos.
    Bjs
    Mila Lopes

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  6. Se a poesia não causa, como ela acontece?

    Vc aqui faz jus!

    Beijo.

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  7. gosto demais dessa imagens que você utiliza.
    se encaixa muito bem com a profundidade de suas palavras.


    andas sumido do reino meu caro. deu até saudades de tu ;)

    um abraço e bom fim de semana!

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  8. Juan, a palavra que me vem à mente é certeiro. é isso, tu é certeiro quando escreve. Já de cara a gente sente o ar faltar, um aperto...e quando o texto termina ainda fica o eco das palavras.

    muito bom mesmo

    um abraço,
    e obrigada por teu olhar sobre minhas palavras

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  9. SER MENDIGO É DOLOROSO...E NINGUÉM GOSTA DE O SER...MUITO SOFRIDO...E OS MAIS POBRES SÃO ESTIGMATIZADOS POR SEREM ISSO MESMO;POBRES.

    ABRAÇO

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  10. Uma poça d'água banhada pelo descaso...Sei como é isso, Juan...Muito bom o poema.
    Abraços,
    Tânia

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  11. O "àgora" paulistana que não nos esquece

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  12. Escreves de uma coisa do real de forma incrível!

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  13. Rafael

    As noite nunca são claras...

    Tua escrita é sempre marcante!



    Bjão

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  14. decadência, ausência, é tudo covardia em excesso.

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  15. Olá poeta,

    Sua escrita, em geral aponta para questões existenciais que conduzem á reflexão como como nesse poema... Bonitas metáforas... Um abraço,
    Úrsula

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  16. Quando li seu perfil vi que se tratava de um "ser nada" muito especial. E o poema apenas confirmou minha certeza. Parábens pelo texto intenso e reflexivo!

    Abraço!

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  17. Ei, cara, gostei do seu poema, muito bem escrito mesmo. Esse cara na pintura parece o Stallone, haha.
    Abraço

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  18. juan, já to disse uma vez e repito, porque o sinto: a tua poesia recorda-me a do gigante t.s. elliot; vai buscar o que de mais sórdido e sujo (física, mas com projecções morais e sociais) o ser humano pode carregar e atira-os contra o leitor, na expectativa de que, quase que de modo pedagógico, o incite a reagir e a abandonar a letargia.
    um abraço!

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  19. Toda vez que te leio tem uma melodia na minha cabeça. Não sei porque razão, estava tocando "Deus lhe pague" do Chico...

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  20. Sua voz é marcante...
    Altamente expressiva !

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  21. OI,
    Eu agora estou em novo endereço. te espero lá ta?

    Beejo e como é booom ler-te!

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  22. Murro bem dado. Na boca do estômago.

    Beijo, rapaz

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- Chegue diante do quadro sem intenção preconcebida de sarcasmo.

- Olhe para a pintura do mesmo modo como olharia para uma pedra talhada. Aprecie as facetas, a originalidade da formam, a luta com a luz, a disposição da linha e das cores [...]

- Escolher um detalhe que seja a chave do conjunto, fixá-lo por um bom tempo, e o modelo surgirá.

- Nessa última comparação, deixar-se levar até as regiões da mais requintada Alusão.

Max Jacob


Que os vasos se comuniquem!

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