sexta-feira, 9 de julho de 2010

Retrato de um cotidiano cansado...

A barba cresce em meio à estrada.
O sol quente banha o asfalto
O sapato furado ainda resiste à jornada
Os olhares são de indiferença
O cigarro de palha na boca faz o tempo passar...

As lembranças se acomodam nos bolsos
A garrafa vazia no bolso do paletó dorme sozinha
A garganta seca do andarilho faz companhia ao estômago abandonado
Mais uma cidade se aproxima
E o olhar do andarilho avista no horizonte...


Texto: Juan Moravagine Carneiro
Imagem: Trabalho do maravilhoso Suehiro Maruo (Sem sombra de dúvida está entre os que mais admiro)!

31 comentários:

  1. Os andarilhos existirão sempre.basta uma alma desassossegada que uma estrada será sempre inventada e "o sapato furado ainda resiste *a jornada". o que interessa
    é mirar novos horizontes.conhecer outros lugares, outras pessoas não aquelas que o miram indiferentes). e ainda bem que é assim.
    abraço

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  2. Esse texto me fez engolir a seco. Muito bom!

    Beijo.

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  3. O olhar avista...
    As lembranças se acomodam...
    [...]garganta seca faz companhia ao estômago...

    Adoro isso! Sonoro, intenso...

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  4. encontramo-nos
    nas curvas do
    nosso cansaço,
    embebidos
    no vagar turvo
    do nosso delírio,
    olhar apalpa
    outro olhar,
    pelas palavras,
    uma sobrepele
    ganha uma
    sobrevida
    ...
    (♥)

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  5. Este é o melhor momento: o horizonte se descortinando!!!
    Abraços,
    Tânia

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  6. como sempre, deliciei-me com seu poema! Esse último tá demais! Fazer do regaço uma desmedida amplidão.
    Estou de casa nova e espero sua visita, meu endereço agora é

    http://rasurassobreviventes.blogspot.com

    BeijooO* te aguardo!

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  7. sinto falta do cigarro q faz o tempo passar, mas os novos horizontes são melhores...

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  8. olhares de indiferença...



    gostei demais das ilustrações.
    abraços meu caro.

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  9. Incrivel como gosto de passar aqui!

    Um abraço meu!

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  10. Juan,

    O blog Homens Hediondos lhe convida para fazer parte de sua troupe. A intenção é tentar fazer e expôr literatura de fôlego e de qualidade na blogosfera.

    Acesse o endereço virtual www.homenshediondos.blogspot.com, leia o Manifesto Foetibundus e veja se você pode e/ou quer ser um de nós.

    Para maiores detalhes, envie e-mail para germanoxavier@hotmail.com

    Homem Hediondo n° 5
    Germano Viana Xavier

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  11. A VIDA DOS CAMINHANTES É ASSIM MESMO...COM SAPATO FURADO OU NÃO...O CAMINHO É PARA A FRENTE...DEIXEM-NOS IR...

    BEIJO

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  12. Gostaria de ter um estômago abandonado :)

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  13. Juan...
    Um dos melhores que li de seus textos até hoje...
    Sem fôlego, sem ar, sem palavras!!!

    Apareça no Pensamento!
    Saudades suas!
    Mell

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  14. Rafael,

    "a vida humana – na verdade, toda a vida – é poesia. Nós a vivemos inconscientemente, dia a dia, fragmento a fragmento, mas, na sua totalidade inviolável, ela nos vive.

    Anaïs Nin

    Perfeito. Suas palavras causa um silêncio gritante, que é de profundo respeito.

    Abraços ave rara.

    Priscila Cáliga

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  15. Rafael, retorno para partilhar um trecho do Livro: Correspondência Amorosa.

    "Nunca te vi, que não tivesse o desejo de te rezar. Nunca te ouvi, que não tivesse o desejo de acreditar em ti. Nunca te esperei, sem o desejo de sofrer por ti. Nunca te desejei, sem ter também o direito de me ajoelhar à tua frente. Sou para ti como o bastão para o caminhante, mas sem te apoiara. Sou para ti como o cetro é para o rei, mas sem te enriquecer. Sou para ti como a última pequena estrela é para a noite, ainda que a noite mal a distinguisse e ignorasse a sua cintilação".

    Abraços.

    Priscila Cáliga

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  16. eis um blog da mais alta qualidade devido aos seus escritos e imagens.

    abs

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  17. Tenho a sensação de que não tenho passado, todo dia que acordo...

    Esse texto me fez pensar nisso

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  18. Andarilhar nos faz ver diversos horizontes e sentir bem dentro o que é sermos nós mesmos. Acho que tô precisando de um gole disso... rsrs

    Beijo, Juan!

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  19. visualisticamente cinemático. quase consigo adivinhar os planos de realização...
    um abraço!

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  20. Um andarilho... sem amarras, sem fronteiras. Passado? Não lembra. Futuro? Inexiste. Para ele, só importa mesmo, o tempo presente...
    Saudade de andar por aqui! Beijos, Deia.

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  21. ...poeira na estrada, poeira na roupa, o sol queima a face enrugada e o vento quente aquece as lembranças, desejo de uma companhia feliz, uma garrafa cheia, cheia de vida.

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  22. Super bem escrito e imaginativo. Eu vi toda a cena como em um filme.

    Puro talento. Abraço

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  23. Mandei um e-mail ontem.
    Preciso de uma foto e uma minibiografia sua.
    Escolha entre a quarta ou a quinta.
    Mande hoje por e-mail se puder, companheiro.

    Sigamos.
    Homem Hediondo n° 5

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  24. Neste realismo quase que extremo do andarilho, nós.

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  25. Juan, essas lembranças acomodadas nos bolsos deixarão mais pesados os passos?

    tu escreves incrivelmente, a cena se passa quadro a quadro na minha frente, parece filme

    um beijo pra ti

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  26. No asfalto do pensamento
    não há sinais dos meus sapatos
    caminham por entre espinhos
    que ladeiam os meus olhares
    e provam um fio de sangue
    que brota da fonte da vida.
    O asfalto é um segredo
    que segreda aos ouvidos da paisagem
    esta solidão, este desconforto
    que palmilho sem as palmilhas
    da beleza que constroi a natureza
    com os fios da água
    que caiem dos meus olhos
    quando no amanhecer dos caminhos
    é a noite que os vem beber.
    Jorge Manuel Brasil Mesquita
    Lisboa, 14/07/2010
    etpluribusepitaphius.blogspot.com

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  27. Juan, o Jorge Pimenta disse tudo: cinematográfico.
    Assino embaixo.
    A estrada é longa e o prazer é curto.
    Abs.

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  28. Acho que mais que tudo, sou um andarilho.

    Abraços!

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- Chegue diante do quadro sem intenção preconcebida de sarcasmo.

- Olhe para a pintura do mesmo modo como olharia para uma pedra talhada. Aprecie as facetas, a originalidade da formam, a luta com a luz, a disposição da linha e das cores [...]

- Escolher um detalhe que seja a chave do conjunto, fixá-lo por um bom tempo, e o modelo surgirá.

- Nessa última comparação, deixar-se levar até as regiões da mais requintada Alusão.

Max Jacob


Que os vasos se comuniquem!

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