Borboletas gritam
As serpentes rastejam
Os móveis se aconchegam
Suspiros dentro de um útero furado
Biscoitos escorregam devido ao sebo nas paredes
As torneiras estão abertas e o porão está molhado...
Os cachorros brincam em volta da mesa
Moscas correm pelos corredores
Idosos cospem suas dúvidas por todos os lados
Enquanto os vazamentos levam suas certezas
Pedaços de mente vagueiam por um túnel iluminado
Arcanjos amordaçados transpiram suor sangue
A temperatura está abaixando enquanto os sinos tocam
Uma virgem sonha com os toques de seu amante
A viagem está se iniciando
Pílulas brancas constroem o percurso
O comandante grita anunciando a partida
Marujos correm para seus postos
Deixando para trás fadas acorrentadas
O crepúsculo renasce rachado diante da Ágora habitada
Por jogadores,
Devedores,
Prostitutas e assaltantes de capelas e supermercados
Todos estão confusos diante dos doentes achatados
Que embarcaram em última hora
No cais à batida dos tambores aumentam enquanto alguns festejam
A partida do navio marcado e sustentado por "doações"
O mar corresponde, ventos acordam
Hefaístos em solidariedade aos tripulantes da Nau dos Insensatos por ser ver como um deles
prepara o caminho
rumo ao caos organizado, banhado e habitado por Ninfas.
A tempestade está aumentando
Tritão prestativo auxília Hefaístos e seus naufrágoss
As crianças gritam em despedida
Os pais marginalizados respondem com acenos
O ritual recomeça
Sem que ninguém perceba
que a Nau dos Insensatos ainda nos habita
Usando o Pássaro Benu como guia em nossos tempos.
Texto: Poema escrito por Juan Moravagine Carneiro (Reeditado)
Imagem: Tela de Van Gogh
O caos da nau dos homens.
ResponderExcluirBom texto!
Beijo.
Olá... Vejo uma luz em sua janela e venho...
ResponderExcluirAbraço!
Lindo poema, caro poeta.
ResponderExcluirNosso mar revolto fica a espera das condições do tempo para que a calma se sobreponha a ele...a natureza humana vive num ciclo interminável de extremos, assim como a natureza!
ótima semana para vc.
Talvez, existam mais úteros e corações furados do que inteiros...
ResponderExcluirbj.
Como sempre, um brilho intenso... Lindo poema!
ResponderExcluirTorneira aberta... é tudo que preciso!
beejo e agora sou eu..
saudades!
*risos
Poema tão forte, tão intenso,tão denso, tão visual, que lembraria um quadro de Hieronymus Bosch.
ResponderExcluirE tal como as pinturas de Bosch, essa densidade, se repartida, poderia se transformar numa infinitude de poemas.
Adorei!
Bjos
MariaIvone
Suspirando no seu suspiro..
ResponderExcluirBjs
Insana
muito intenso...gosto da poesia q me faz pensar.
ResponderExcluirNesta nau
ResponderExcluirNeste mal
Num todo dia me enganando mas não até o final.
Vir aqui fez algo comigo
Obrigada
Adoro a viagem nesses versos seus.
ResponderExcluirLi e reli... e reli...
ResponderExcluirSenti-me meio nua na nau.
Nada fez sentido e assim assim se fez.
Insesata como sou, claro que adorei.
Bj
Rossana
Juan,
ResponderExcluirmande-me seu endereço novamente.
Estava aqui com sua carta, já pronta para postar, mas percebi que você me passou o endereço incompleto...
Deixe no meu e-mail do hotmail, ou no e-mail do Blog.
Aguardo... Abraços
Jenifer,
Felicidade Clandestina
Hey, moço! Essa Nau tem lugar para mais alguns? Há uma turma invadindo nossas tvs todos os dias que fariam bom uso de uma viagem assim! Fantástico! Um beijo, Deia
ResponderExcluirjá te falei q vc é intenso?
ResponderExcluirbj
telas despojadas de ouro e flores. como o mundo e os seus olhares, afinal.
ResponderExcluircomo é possível construir o belo sobre o horrível. não, não são apenas palavras. são órgãos que escorrem o sangue, o fel e a bílis que carregam nos seus ventres abandonados. como t.s. elliot, afinal...
um abraço, juan!
Bela postagem!
ResponderExcluirAdoro essa tela de Van Gogh!
A tempestade sempre pode virar dilúvio.
ResponderExcluirRumo ao caos, a alma à deriva.
ResponderExcluirBeijos em alta!
Olá.
ResponderExcluirLindo poema! Fez-me ver imagens incríveis... parabéns!
Beijos,
Patrícia Lara
De volta, Juan, depois de 10 dias em Sampa curtindo as maravilhas culturais da megalópole.
ResponderExcluirO texto-poema é uma odisseia.
Interessante além da conta.
A tela de Van Gogh é simplesmente maravilhosa.
Abração, amigo.
Pois é amigo, a vida é esse desafio, e navegar é preciso neste mar turbulento que também nos ensina muito né? Abrc!
ResponderExcluiros cachorros brinca ao redor da mesa, gente como um verso nos aprisiona tanto? estive ausente da blogsfera mais agora retorno
ResponderExcluirpô, man
ResponderExcluirmandou ver!
abs