quarta-feira, 25 de maio de 2011

A dança...


O tempo achatado se deita ao meu lado
em um banco de praça pouco habitada em dias de muito frio.
O carrinho de feira atravessa o cruzamento,
deixando cair pelo chão, restos de algum açougue
O olhar distante percebe logo adiante
e volta em disparada em busca das partes no chão
já sendo lambidas por coiotes urbanos...

Me sinto inquieto e sozinho
diante de certos fatos
Se certos sentimentos nostálgicos me acompanham,
o que posso fazer?
A realidade me chama
Sei que não posso viver em uma bolha e achar que tudo é um lindo
conto de fadas. Não é por que seu sorriso ainda me encanta que vou alimentar um mosaico banhado de ilusões e práticas idiotas.
Não quero carregar o pavoroso riso do idiota em volta de mim.

Se ao andar pelas ruas me vejo diante de "misturas" de toda uma semana sendo recolhidas de um asfalto quente, se vejo uma criança quase ser atropelada na tentativa de salvar pelancas de gordura, se vejo carros buzinando, pessoas gritando para ela saír da frente que eles não querem sujar so pneus de seus carros...

Se esta é a realidade que observo ao caminhar pelas ruas do centro de uma grande cidade, e mesmo assim ainda consigo me lembrar de seu olhar,
tens razão...
a nostalgia é minha amante!

Se as palavras em minha boca ainda não se afogaram em sua saliva
Se sua lingua não leu meus pensamentos
Se suas "amigas" orientais não sabem meu nome
Se suas digitais ainda habitam "Beth Gibbons" em minha prateleira
é porque dancei com você...!

E que dança...

Texto: Poema A dança... (Reeditado) de Juan Moravagine Carneiro
Imagem: Quadrinho de Lourenço Mutarelli

4 comentários:

  1. Visitar seu blog é sempre uma satisfação. Sinto recuperar o tempo que muitas vezes perco, na correria do dia-a-dia, e não dou atenção a "poesia cotidiana"

    ResponderExcluir
  2. Saudades daqui...

    suas palavras vão deixando qualquer vestígio de amargo-doce. nunca sei, nem saberei.

    daqui fico observando seus encantos e desventuras.

    se te conheço aqui ou acolá, não sei. prefiro simplesmente opinar.

    um carinho sempre
    mell

    ResponderExcluir
  3. Ótimo texto, Rafael!

    Grande abraço!

    ResponderExcluir
  4. ainda dança e dançará enqanto recordar for viver :)

    bjs

    ResponderExcluir

- Chegue diante do quadro sem intenção preconcebida de sarcasmo.

- Olhe para a pintura do mesmo modo como olharia para uma pedra talhada. Aprecie as facetas, a originalidade da formam, a luta com a luz, a disposição da linha e das cores [...]

- Escolher um detalhe que seja a chave do conjunto, fixá-lo por um bom tempo, e o modelo surgirá.

- Nessa última comparação, deixar-se levar até as regiões da mais requintada Alusão.

Max Jacob


Que os vasos se comuniquem!

Related Posts with Thumbnails