sábado, 14 de maio de 2011

Mademoiselle

Lambo o gosto vencido de sua boca fétida
banhada à bebida e cigarros baratos
Sinto minha lingua deslizar pelos seus dentes podres
Seu corpo não depilado combina com sua maquiagem de dias
Dama da noite...

Seu par de sapatos vermelhos
Encontrados em uma alguma lixeira
de algum edifício no centro da cidade
Mantém você em pé e sua cabeça erguida

Dama da noite

Você não frequenta casas "undergraunds" e não bebe coquetéis da moda
Você frequenta becos e ruas escuras
bares sujos
E bebe aguardente com groselha

Dama da noite

como lhe respeito
Se você soubesse que encostada neste balcão contando suas moedas
e notas amassadas
enfrentando certos olhares...
És ainda bela
E carrega em seu olhar um brilho que nenhuma Chanel pode comprar

Dama da noite

que sozinha caminha com seu cigarro na boca em busca de seu destino!

Poema: Juan (Rafael) Moravagine Carneiro


7 comentários:

  1. Rafael, que delícia adentrar no vosso espaço, e sugar letras bem conduzidas, e se me recordo bem, já li um post com esse teor.

    Abraços e paz!

    Priscila Cáliga

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  2. Desde Baudelaire que aprendi a gostar de putas...Em poema. Como este teu:)

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  3. Forte e profundo...com o punhal na ferida e um olhar nu.

    Um beijo
    Sonhadora

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  4. Parabéns pelo poema. Profundamente reflexivo!

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  5. muito bom o poema, em nada é previsível, e o bom/essencial dele é isso.

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  6. Um drama da noite que desagua na miséria humana que se vai arrastando nas calhas do dia.



    L.B.

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  7. meu querido,
    que bom que você apareceu :)

    desculpe meu sumiço.
    ando com o tempo apertado =/ tantas coisas da faculdade e tantas outras...

    mais e você, me conte, como andas?
    nunca mais te encontrei on-line no msn.

    um abraço e até :)

    Jenifer

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- Chegue diante do quadro sem intenção preconcebida de sarcasmo.

- Olhe para a pintura do mesmo modo como olharia para uma pedra talhada. Aprecie as facetas, a originalidade da formam, a luta com a luz, a disposição da linha e das cores [...]

- Escolher um detalhe que seja a chave do conjunto, fixá-lo por um bom tempo, e o modelo surgirá.

- Nessa última comparação, deixar-se levar até as regiões da mais requintada Alusão.

Max Jacob


Que os vasos se comuniquem!

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