"Eu era um sujeito então perseguido pela saudade. Sempre fora, e não sabia como me desligar da saudade e viver tranqüilamente.
Ainda não aprendi. e desconfio que não aprenderei nunca. pelo menos já sei algo valioso: é impossível me desligar da saudade porque é impossível me desligar da memória. É impossível se desligar daquilo que se amou.
Tudo sempre estará sempre junto conosco. sempre teremos tanto o desejo de refazer o bom da vida como o de esquecer e destruir a lembrança do mau. apagar as maldades que cometemos, desfazer a recordação das pessoas que nos prejudicaram, remover as tristezas e as épocas de infelicidade.
É totalmente humano, então, ser um nostálgico, e a única solução é aprender a conviver com a saudade. talvez, para a nossa sorte, a saudade possa transformar-se, de algo depressivo e triste, numa pequena chispa para o novo, para entregar-nos a outro amor, a outra cidade, a outro tempo, que talvez seja melhor ou pior, não importa, mas que será diferente. e isso é o que todos procuramos todo dia: não desperdiçar em solidão a nossa vida, encontrar alguém, nos entregar um pouco, evitar a rotina, desfrutar de nossa fatia de festa.
Eu ainda estava assim. tirando todas essas conclusões. a loucura me rondava e eu fugia dela. tinha sido demais em muito pouco tempo para uma pessoa só..."
Trechos do conto Enterrado em merda de Pedro Juan Gutiérrez
não desperdiçar em solidão a nossa vida, encontrar alguém, nos entregar um pouco, evitar a rotina, desfrutar de nossa fatia de festa.
ResponderExcluirAh, a nossa fatia da festa.
Sou irremediavelmente apaixonada peo Gutierrez - e já peço permissão para roubar e postar este trecho outro dia ;)
Nossa, me identifiquei com esse texto!
ResponderExcluirMinha maior luta: entender por que temos a ideia de que precisamos "ter alguém"; Por que só nos recuperamos de uma perda quando substituímos o que foi perdido? Umas das frases feitas que mais desprezo: "só um novo amor pra curar o antigo". Parece reposição de mercadoria.
ResponderExcluirSaudade acaba se transformando em memórias (ou bloqueio delas).
O pior é que, o que se sente na verdade, é a falta de uma situação comoda. Nos acostumamos com uma pessoa, uma cidade, uma casa e temos dificuldade em nos desvencilharmos. Mesmo que esse passado tenha sido sofrido. É o costume, afinal, que nos segura e nos impede por um bom tempo de seguirmos com a vida.
Juan,
ResponderExcluirnão vim para comentar, pois voltarei para comentar. Apenas para lhe apresentar meu outro espaço, sou gulosa ou muito lunática. [rs]
http://pcotaveira.blogspot.com/
Paz,
Priscila Cáliga
eu tento fugir da saudade. terreno traiçoeiro de chão mole que engole a gente na mais suave pisada...por isso...desvio, tento escapar.
ResponderExcluirminha maior saudade é do "nunca mais"...esse sentimento definitivo da imagem da tampa do caixão.
Lindo! saudades e lembranças nos acompanham sempre sejam boas e ruins apredemos a conviver com elas.
ResponderExcluirBelo Blog
parabéns!
Abraço