quarta-feira, 31 de março de 2010

Fragmentos inacabados de um mesmo mosaico

O brilho é intenso em seus olhos
As paredes suam na sua ausência
Os dias escorregam pelas minhas mãos
Enquanto meus pensamentos sempre retornam a ela
O tempo a muito já se foi
Mas as janelas continuam abertas
Quadros tortos pendurados em paredes oleosas em outro cômodo...
Frases soltas os acompanham
Pensamentos vagueiam pela minha mente como serpentes no deserto...
Sua voz, seus cabelos, seu sorriso na sala quente...
Do outro lado da janela o asfalto molhado adormece...
Enquanto o fígado de Prometeu é servido aos pagantes
Acendo um cigarro, ligo à vitrola...

Poema: Juan Moravagine Carneiro


9 comentários:

  1. Esse quase nada que deixa tanta coisa...

    Suspiro!

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  2. "'
    "seus cabelos, seu sorriso na sala quente...
    Do outro lado da janela o asfalto molhado adormece

    Leia belas imagens

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Juan,

    sinto cheiro do que ainda existe, com sabor de inacabado, afinal o brilho intenso dos olhos está em sua pele e lábios. As paredes [sua pele] exprimindo a ausência de toque. É grito, aí dentro: as portas, e pouco a pouco derrubar todas as paredes e arrancar o telhado para que se cresça livremente. 'Os dias escorregam pelas minhas mãos', o relógio não pára, os ponteiros não controlamos, mas o pensamento ainda persiste ao ponto central: ela. Será que o tempo se foi mesmo? O de dentro anuncia estagnação no passado. E cresceu em ti de um jeito completamente insuspeito, assim como se a fêmea fosse apenas uma semente e tu plantaste a pele adocicada no contemplar uma linda rosa, fazendo-te abrir todas as janelas. Sendo que, todas exalam alisar intenso em cada pétala e o fechar das janelas, pois o frio e o cheiro do externo perturba, tira do norte dos olhos, tudo pelo fato de não atuar o agasalho. E as tantas frases soltas, sempre acompanhando, esperando-te que construísse um escrito tão único. Anunciando, mas não percebido, que todo deserto é temporário. Por que andar em círculo? A voz está nos seus lábios, os cabelos seu edredom e o sorriso o toque quando tocava o que ninguém tocou e deixou se perder por olhar o que não era para ser olhado, os dizeres de outros que não se destacavam em incomum.

    Vaso, maravilhoso!

    Abraços,

    Priscila Cáliga

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  6. "Do outro lado da janela o asfalto molhado adormece...
    Enquanto o fígado de Prometeu é servido aos pagantes
    Acendo um cigarro, ligo à vitrola..."


    Ligar a vitrola é sempre a coisa certa a fazer.
    Ótimo poema.
    Grande abraço

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  7. que maravilha de poesia.


    quanto romantismo e intensidade.



    gostei muito da frase do Apollinaire.

    de fato se encaixa perfeitamente ao pensamento de nossa Lispector.

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  8. O tempo que já se foi...
    isso me lembra aquele lugar fora do tempo, fora do espaço, não serviam fígado, só dobrada à moda do porto.

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- Chegue diante do quadro sem intenção preconcebida de sarcasmo.

- Olhe para a pintura do mesmo modo como olharia para uma pedra talhada. Aprecie as facetas, a originalidade da formam, a luta com a luz, a disposição da linha e das cores [...]

- Escolher um detalhe que seja a chave do conjunto, fixá-lo por um bom tempo, e o modelo surgirá.

- Nessa última comparação, deixar-se levar até as regiões da mais requintada Alusão.

Max Jacob


Que os vasos se comuniquem!

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