"(...O quanto o ato de escrever e a lavoura se assemelham. A tempestade e a geada não perdoam um segundo sequer de negligência do espírito, que vigia o campo sem cessar e, ao cabo do cultivo ilimitado de poesia e sonho, não dá para ele próprio prever o quão fértil será a colheita...)"...
"(...O drama magnífico onde escorre sangue falso talvez seja uma experiência mais forte e profunda do que as da vida e possivelmente comova e enriqueça as pessoas...)"
Fragmentos da tetralogia (Mar da Fertilidade), do genial Yukio Mishima
Imagem: Katsushika Hokusai
o "sangue falso" usualmente é o que escorre mais, protegido pela criação, pela articulação das palavras que se organizam o escritor vai nos contando no "mar da fertilidade" suas mentiras verdadeiras.
ResponderExcluirabraço Don.
Boa comparação.
ResponderExcluirEi Rafa! =)))))) Que coisa bonita hein?! Não dá mesmo pra garantir o sucesso da colheita, mas há que se prever que algo aja pra colher, se a gente ao menos cuida da terra.
ResponderExcluirObrigada pela doçura dos seus comentários lá no Poesia Torta, sempre.
Beijo-te com carinho.
Meus versos lavro-os ao rubro
ResponderExcluirnesta página de terra
que abro em lábios. Descubro-
-lhe a voz que no fundo encerra
Os versos que faço sou-os
A relha rasga-me a vida
e amarra os sonhos de voos
que eu tinha à terra ferida
Poema que mais que escrevo
devo-te em vida. No húmus
a regos simples eu levo
os meus desvairados rumos
Mas mais que poema meu
(que eu nunca soube palavra)
isto que dispo sou eu
Poeta não escrevas lavra
Ruy Belo
Um abraço, Juan!