terça-feira, 6 de abril de 2010

O Brilho da lua ou o calor do sol...

Alcoólatra, boêmio e jogador... Morre no carnaval fantasiado de baiana... Dona flor sentada na varanda de sua casa ainda chora sua morte... Daquele que a explorava, porém ela o amava!
Digamos que Jorge Amado não seja um escritor que eu goste, porém é inegável sua contribuição e admiração pela cultura árabe, mas isso é outra história, o fato aqui em questão é: Dona flor ou talvez não. O passado, o presente, a vida e a morte são questões complexas, na maioria das vezes nos perdemos, aliás, a cada dia que passa tenho mais convicção de que se faz necessário deixarmos de lado regras de espaço e de tempo, temos que ter em mente que não existe verdade absoluta e que a realidade é um meio e não um fim...
Quando olhamos para uma pessoa automaticamente uma parte de nosso cérebro é ativada, entretanto quando pensamos nessa mesma pessoa mesmo não há vendo, é a mesma parte do cérebro que é ativado, logo nos perguntamos: o que é realidade? O que pensamos ou que enxergamos? Talvez seja necessário deixarmos de lado essa respostas e nos perguntarmos quem realmente somos e o que realmente desejamos!
A vida é curta e na maioria das vezes deixamos o barco navegar sozinho... Me pego em um dialogo com algo que não sei se realmente é o que penso ser e mesmo se for não sei se sua "fonte" pode ser usada por mim, quase sempre caímos nessas armadilhas da vida para podermos continuar a sonhar, a buscar novas possibilidades, novas conquistas, mesmo que seja de algo que ficou para trás. Porém não podemos nos esquecer que o "inacabamento antropológico" é de vital importância para o desenvolvimento humano no sentido antropológico.
Querer reviver algo é construir o novo... Não pode ser vivido como luto... Como um cadáver adiado que procria como já nos dizia Fernando Pessoa.
É como diz a canção:
E se os pagantes exigirem bis
E se o arcanjo passar o chapéu
Ou como diz Henry Miller em relação à Anaïs Nin:

"Mesmo Distante você me faz extremamente feliz em manter-me como um todo - em deixar-me ser o artista, como foi, e, no entanto não me adiantar ao homem, ao amante ávido e insaciável. Nenhuma mulher jamais me concedeu todos os privilégios de que preciso - e você, ora você canta tão jovialmente, tão arrojadamente só com um riso, um olhar - sim, você me convida a ir em frente, a ser eu mesmo, a me aventurar a tudo. Eu a adoro por isso. É onde você é verdadeiramente real, uma extraordinária. Quem mulher você é! Rio de mim mesmo agora quando penso em você - Então lembro-me vividamente de seu vestido, da cor e da textura dele, a voluptuosidade, a leveza dele - precisamente o que eu lhe teria pedido para usar se tivesse podido antecipar o momento"

Mas... Diante de "dona flor”... Sei que os atores principais passam longe de Rembrandt... É como diz Borges em relação a Dante em a Divina Comédia “Beatriz existia infinitamente para Dante; Dante existia muito pouco, e talvez nem existisse para Beatriz"

Juan Moravagine Carneiro



6 comentários:

  1. A cada das linhas penso em um comentário diferente...
    Provavelmente o comentário seria mais extenso q o post (e certamente não tão rico).
    Portanto, não vou escrever nada e dizer que só passei pra ler um pouco.
    ;)

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  2. É, eu podia ler isso bem mais de 4 vezes. =)))) Eu não sei se posso dizer que não gosto de Jorge Amado, pq a minha mãe diz q a gente não pode dizer que não gosta de algo q nunca comeu, e eu só tive a curiosidade de saborear o livro que todo mundo acha mais besta "O gato malhado e andorinha sinhá" - fiquei apaixonada pela simplicidade da estória e não tive paciência pra ler os outros pq pareciam próximos demais da realidade - eu não sou uma grande fã das realidades, sabe...

    Hoje quando eu ia para o trabalho estava pensando nessa coisa de reviver momentos e pessoas, pensava nas linhas para um poema que diria como o pretérito perfeito não pode garantir um futuro perfeito, porque esse tempo simplesmente não existe. A gente precisa viver mesmo é do presente, preferencialmente o presente do indicativo. =P

    Que inveja da Anaïs Nin, viu... claro que não é uma inveja verde. Cada um tem a porção de felicidade que merece, minha inveja é de não ter ainda merecido um Henry Miller, com todas as suas qualidade e defeitos mesmo, pq nada substitui o homem real.

    Dante e Beatriz, me remetem sempre ao filme "Brilho eterno de uma mente sem lembranças", e vice-versa - e aí está parte do comentário que mora dentro da minha cabeça apenas. Um dia talvez eu explique a relação, se ela não for 'ululantemente' óbvia. =)

    Gostei demais dessa postagem. Linda. Parabéns pela costura.

    Beijo carinhoso com doçura. =*

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  3. o começo me lembrou "Poema Tirado de uma Notícia de Jornal" vc sabe de quem. pelo jeito vc gosta tanto de henry e anaïs- assim como eu, vamos colocar os livrinhos pra conversar.

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  4. Muito bom.

    Dona Flor é uma de minhas divas favoritas...

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  5. Ô Juan,

    o desenho não é meu.

    é de uma moça, a Juliana Moraes.
    gosto demais do trabalho dela, daí ilustro umas poesias.


    lindo demais, não é?!


    há anos desisti de "tentar" desenhar.
    não acabou bem, rsrs...


    um beijo meu caro e uma boa tarde :)

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- Chegue diante do quadro sem intenção preconcebida de sarcasmo.

- Olhe para a pintura do mesmo modo como olharia para uma pedra talhada. Aprecie as facetas, a originalidade da formam, a luta com a luz, a disposição da linha e das cores [...]

- Escolher um detalhe que seja a chave do conjunto, fixá-lo por um bom tempo, e o modelo surgirá.

- Nessa última comparação, deixar-se levar até as regiões da mais requintada Alusão.

Max Jacob


Que os vasos se comuniquem!

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