segunda-feira, 21 de junho de 2010

Alucinações poéticas...

Sentado e preso em meus próprios pensamentos, inalando o perfume da indecência
Eu rastejo até o boeiro mais próximo
e começo a vomitar
Driblando mitologias gregas e esmagando leis bíblicas
Mergulho em minhas próprias loucuras e rasgo minhas entranhas
Para servir vocês...

As plantações foram queimadas
e as rosas acorrentadas
Chamem os suícidas que Foucault citava
Que eu já puxei o gatilho
Flores gritam em minha solidariedade
Sinto sua chegada, mas já prevejo sua partida bela maldita
A música abaixou
Lou Reed se calou enquanto meu hálito transborda de medo

Refletores que nos absorvem
Traduzem nossas mentes
Piolhos cortados ao meio cambaleiam do lado de fora da porta
do banheiro

Um sujeito barbudo sentando em uma cadeira com um cordal umbilical
em volta dos dedos parece perceber que algo está errado...

Em seu caderno com capa de pele humana anota todos os nossos
pensamentos
Músicas surgem de um outro lugar...
Impossível de ser decifrado pelas minhas vistas

São 02:17 o suor escorre pelo meu rosto...sinto que estou me dividindo em milhões de pedaços
de átomos
A cama suja se acalma
Do meu lado uma linda mulher dorme aliviada
E com ela a passagem para a ressurreição escondida dentro de uma cartela...

Texto: Juan Moravagine Carneiro (Fragmentos recortados de "A dança", ainda inacabados e podendo sofrer alterações.
Imagem: Tela de Vicent Van Gogh

23 comentários:

  1. Uma loucura que também nos abraça fortemente tirando nosso fôlego.

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  2. Bom gosto, Sr Moravagine, bom gosto...

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  3. Juan, e "A Dança" vai correr o mundo quando? Já sou fã, quero estar na fila

    Eu gosto dos alucinados, desses poemas que chegam como um inesperado soco an boca do estômago, nos tirando o ar

    um abraço

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  4. Texto envolvente, muito bom, Juan.

    Abraço.

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  5. Adoro seus textos, me faz viajar...
    Tenho um novo espaço, faça-me uma visita, se gostar pode ficar, rs
    "Doce Grafar"
    http://docegrafar.blogspot.com/
    Bjs Juan
    Mila Lopes

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  6. e se mesmo assim ao teu lado ela dorme aliviada é pq algo de bom sái de teus póros...

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  7. Parabéns, Juan!

    Viagem instigante! Gostei muito!

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  8. o inferno e o céu tão próximos, oscilando entre extremos, não tem sanidade que se sustente. é a vida de quem quer viver de poesia.
    intenso.

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  9. eros e tânatos andam lado a lado. ou não.

    muito louco esse texto, meu caro.
    bem legal memo.

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  10. eu considero intesidade e crueza bons temas poético,já deram grandes mestres,consegues andar bem nesse estilo

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  11. Sim, tudo está errado e o direito à fuga para aliviar os pensamentos já não temos mais, até mesmo o âmago é exposto, total falta de privacidade...

    Ótimo escrito!

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  12. Que intensidade, Juan: muito bom!

    Abraços,
    Tânia

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  13. Deixa que a loucura escorra em tuas veias (Caio F)
    Beijo.

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  14. Introspecção da fragilidade em forma poética. Muitas vezes temos que mergulhar fundo para que possamos libertar o que há de melhor dentro de nós.

    BeijooO*

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  15. o belo e o horrível que (con)vivem dentro de nós podem ser apaziaguados. a tua escrita consegue-o de forma absolutamente irresistível, juan.
    parabéns!
    um abraço!

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  16. E que os dias te ofereçam mais madrugadas assim, regados á poesias gentilmente jorradas, rasgadas e cuspidas de um doce coração.

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  17. moço,
    quanta intensidade nos versos.

    que viagem!
    gostei muito :))

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  18. Van Gogh também aprovaria suas alucinações, dos poetas loucos e sinceros, que coragem!

    abração
    ns
    s

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  19. Salvo se coagido, jamais faça o que não seja de tua vontade.

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  20. Muito denso. Quando lido em voz alta fica poderoso.

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- Chegue diante do quadro sem intenção preconcebida de sarcasmo.

- Olhe para a pintura do mesmo modo como olharia para uma pedra talhada. Aprecie as facetas, a originalidade da formam, a luta com a luz, a disposição da linha e das cores [...]

- Escolher um detalhe que seja a chave do conjunto, fixá-lo por um bom tempo, e o modelo surgirá.

- Nessa última comparação, deixar-se levar até as regiões da mais requintada Alusão.

Max Jacob


Que os vasos se comuniquem!

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