terça-feira, 1 de junho de 2010

É suave o desejo...


Escalo seu corpo suado
Subindo minha boca silênciosa
pelas suas coxas tristes...

Raspo meus dentes em sua virilha tímida
Sinto o gosto ébrio no desabrochar
de sua vulva

Os ponteiros do relógio param
Seus dedos dançam entre meus cabelos
Mesmo sem nunca ter tocado você é seu gosto que eu sinto
Mesmo ausente é seu gosto em minha boca que sinto ao amar outra mulher
É seu cheiro que me envolve
É seu olhar que me consome


Sua voz quase apagada pelo tempo ainda embala meu sono
Seu sorriso é que alimenta meus sonhos

Sua ausência me acompanha
Sua "presença" me inspira

Musa de Dante que com sua mãos tece minhas lembranças
e seus mosaicos...
Musa que é "aquela que torna feliz" 
                                            [Beatriz]


Texto: Poema de Juan Moravagine Carneiro
Imagem: Cenas de (Os sonhadores) e (O último tango em Paris), ambos de Bernardo Bertolucci

32 comentários:

  1. Mesmo ausente... (terceiro parágrafo) remeteu-me a Charlie Brown Jr, uma música chamada Só por uma noite: "Eu procurei em outros corpos encontrar você". Não é teu estilo musical, presumo, mas tem uma bela letra.

    Grandes imagens.

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  2. Ambas grandes obras de Bertolucci. E belo texto pra acompanhar

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  3. Adorei o filme Os Sonhadores e seu texto bem...gostei de cada palavra sua.

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  4. Mesmo ausente o prazer não se torna fugaz...
    Bjs meu amigo
    Mila

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  5. "É seu cheiro que me envolve
    É seu olhar que me consome
    Sua voz quase apagada pelo tempo ainda embala meu sono"
    Gostaria de ter escrito isso... tão suave... tão triste... tão verdadeiro...
    Um lindo texto, dois belos filmes...
    Beijos.

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  6. Texto ardente que remete a cenas memoráveis de dois ótimos filmes! Adorei relembrar!
    Abraço!

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  7. parabéns meu caro.

    que postagem fantástica.
    gostei da intensidade das palavras.

    e das imagens :)

    como você mesmo diz: bela colagem.

    ainda não assisti Os Sonhadores. estou com ele aqui no pC, mas me falta tempo =/

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  8. Caro Juan, o desejo, além de suave, é democrático, legítimo e pessoal.
    Belo poema erótico e dois ótimos filmes para acompanhá-lo.
    Abraços.

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  9. parabéns pelo blog! muito bonito seus textos! ja estou seguindo

    comecei o meu agora e gostaria que você desse uma passada lá e seguilo se te interessar
    http://alem-da-pele.blogspot.com/
    obrigado e sucesso no blog

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  10. caro juan, comecei por olhar o teu post de baixo para cima. duas cenas de dois filmes que quem não queira perder a vida tem de ver/ter visto. deixei, depois, o olhar subir pelos versos e fixei-me nos ponteiros do relógio adormecidos, condição para que o toque, o afago, o odor, o olhar e o beijo possam projectar-se da presença para a ausência, de um tu para um ela. este movimento acaba por funcionar, ele próprio, e em certo sentido, como a verdadeira poesia. não é ela, afinal, que torna possíveis todos os imponderáveis?
    um abraço!

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  11. O último tango é visceral e Maria Schneider junto com a melhor atuação do Marlon B. é angústia, tesão, vida, morte e tudo o mais misturado. O primeiro eu acho "bom", acredito que agrade mais adolescentes, se fosse filmado vinte e poucos anos antes, talvez batasse mais. A melhor cena pra mim é a da escova de dentes, acho q. condensa bem o filme. Achei seu texto comportado para o q. esses filmes evocam.

    E sim, pode usar a entrevista só não pode furtar Ardant, mesmo pq. ela é infurtável. rs

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  12. Então, moço... Comovente. Dentro do meu tema hoje, que é saudade. O que dizer? Tem horas em que calar é mais profundo. Estou me tornando uma eterna calada em seus posts! Rapaz, poucos conseguem isso: calar-me! Um beijo, Deia

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  13. Juan cheguei a sentir o cheiro de sexo, amo a poesia sensual, sem ser vulgar;

    e com imagens de filme tão maravilhosos

    poxa

    completo

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  14. penso que os poemas estão nelas musas, apenas nos damos palavras para sobraviver ao amor...

    abraço
    ns

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  15. Um erotismo cheio de suavidade mesmo: quem não gosta? :-)

    Muito bom, Juan!


    Beijos,
    Tãnia

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  16. Uma medida certa de erotismo que prende a atenção e deixa querendo mais!

    Parabéns!

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  17. Oi!!

    Saudades de você lá no Pensamento...anda ocupado demais ou esqueceu da amiga aqui???

    Engraçado vc imaginar aquele texto me vendo num lugar "frio". eu realmente estava!!
    Qe nossos vasos se comuniquem em breve!!!

    Um poema lindo esse!! Me deixou sem palavras!1

    Um beijo!
    Mell

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  18. O AMOR É ISSO MESMO...VIVE DESSES INGREDIENTES...DOS SENTIMENTOS EXALTADOS,DOS SENTIDOS APURADOS; DO AFECTO ,DO CARINHO,DA AMIZADE,DO RESPEITO...DA PAIXÃO,DO SEXO...DE TODA A ALQUIMIA DESSE MESMO AMOR...OU NÃO SERIA AMOR E SERIA OUTRO SENTIMENTO QUALQUER...
    NÃO VI NENHUM DOS DOIS FILMES...MAS GOSTARIA DE OS VER...
    BERNARDO BERTULUCCI... NEM POR ISSO...

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  19. Intenso, doce e sensualíssimo.
    Paz e amor em sua vida.
    Com carinho, Lady.

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  20. Juan, teu poema a nada se compara: é único. Outros a ele podem assemelhar-se, todavia o destino e a trajetória têm assinatura própria. Parabéns. Um prazer, ler teus textos.

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  21. A ausência é uma presença constante em forma de saudade...

    Um abraço!

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  22. Sensual sem ser vulgar.E cheio de suavidade.
    Muito bom =*

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  23. Creio que teremos sempre linguas que nos atormentam em desejos, vontade e tesão entre nossas coxas. Mas, teremos tb na mesmas proporções alguém que pense em outro alguém mesmo quando preso em nosso proprio cativeiro.

    Ainda bem que a vida nos presenteia com as cenas de O Último Tango em Paris.

    Beijos

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  24. Cara,

    Eu tô usando aparelho fixo! Se eu começar a trajetória desse jeito, vou causar um estrago sem tamanho...rs

    Belíssimo!!!
    Um abraço!

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  25. que ótima combinação as cenas destes dois filmes com este teu belo poema erótico, suave, saudoso, transpirando sensações, presença e ausência

    gostei muito, juan

    um abraço

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  26. as musas cantam
    o poeta escreve
    se perde das musas
    o canto escuro
    ecoa ecoa ecoa eco...


    cabô.

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  27. Amei o título!

    Além de, por vezes, surpreendente,
    realmente "é suave o desejo"...

    Beijo,
    doce de lira

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- Chegue diante do quadro sem intenção preconcebida de sarcasmo.

- Olhe para a pintura do mesmo modo como olharia para uma pedra talhada. Aprecie as facetas, a originalidade da formam, a luta com a luz, a disposição da linha e das cores [...]

- Escolher um detalhe que seja a chave do conjunto, fixá-lo por um bom tempo, e o modelo surgirá.

- Nessa última comparação, deixar-se levar até as regiões da mais requintada Alusão.

Max Jacob


Que os vasos se comuniquem!

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