sábado, 24 de julho de 2010

A noite que me hospeda


A fumaça rasteja pela manha adormecida
O sopro vomita a boca do infinito
A garganta presa se deita no leito dos miseráveis.
A música balança os pensamentos castrados pela infância
Os olhares permanecem distantes
As vozes se confundem nas batidas de lembranças imperfeitas
As lagrimas banham a realidade...

As buscas terminam ao lado de mais um coração despedaçado
As pernas cruzadas não mais querem a realidade
Pois o descaso e a insegurança castraram uma possível masturbação matinal.
Mais uma rolha escorre pelo chão molhado pelas lagrimas de uma virgem estuprada pela indiferença dos desconhecidos do tempo
Sento em uma cadeira qualquer e observo que o mundo, que as pessoas não mais se deparam com o desconhecido.
O sol rasteja ao meu lado enquanto lambo a boca gasta de um cotidiano podre, alimentado pelo calor vencido.


Buscando novas respostas e caminhando em novos rumos, raspei o fundo deste mesmo sol e com seu resto reescrevi minha história, recheada de lagrimas alheia.
Meu hálito tem o cheiro de um mar inquieto.
Meu sopro vem de longe, vem do meio do deserto de concreto camuflado dentro de um corpo ausente

Texto: Poema de Juan Moravagine Carneiro
Imagem: Trabalho de uns dos artistas da atualidade que mais curto, BANSKY

27 comentários:

  1. Melhor do que se fez escrita só mesmo se fosse declamada!

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  2. Meu amigo querido!!

    O que tens feito que não apareces mais???

    Sinto imensa saudade!!

    "andas e retornas, já vem a noite"

    Um carinho mais que hediondo!
    Mell

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  3. Tudo tão perfeito aqui Juan.
    Estava com saudade!!!

    Super abraço meu!

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  4. Hálito com cheiro de mar inquieto... Bela imagem poética assim como tantas outras que o texto traz. Bonito, forte, reflexivo, de cunho existencialista e um pouco surrealista. Grande abraço.

    Úrsula

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  5. [na noite, as ausências são um mero lapso de luz; a mão, afirma-se no claro escuro que conduz]

    um imenso abraço, Juan

    Leonardo B.

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  6. Ah, que beleza ler algo teu novamente!

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  7. imagens com a força de locomotivas engolindo corpos que se avespinham sobre os trilhos, numa orgia sanguínea... é assim a tua poesia, juan. forte, virial, negra... e profundamente perturbadora.
    um abraço!

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  8. Oi Rafa! Bom passar por aqui e respirar novos ares. Um beijo, boa semana, moco! Deia

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  9. Juan, estou digerindo o seu poema aos poucos em virtude de sua complexidade.
    Confesso que aprecio esse estilo surreal.
    Que venham outros "buscando novas respostas e caminhando em novos rumos".
    Ótimo.
    Abração.

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  10. Vc nos leva de uma jeito forte, direto, e ao mesmo tempo, devaneador.
    Beijo.

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  11. Juan, caríssimo.
    Mantendo o crédito da amostra, para mim e uma honra!
    Estou curioso com tua escolha: imagem e palavras; que encrenca boa!

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  12. Não há nada que canse o leito das estrelas.
    A ficção da vida é uma estrela cadente no olhar distante da noite. Somos brilhos incessantes nas névoas do perfume.
    Jorge Manuel Brasil Mesquita
    Lisboa, 26/07/2010
    etpluribusepitaphius.blogspot.com

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  13. Rafael sobre o nosso poema, vamos lá! Estou sem msn, pois devido o TCC travou alguns programas no meu pc, portanto, estou por enquanto só no gmail, ainda bem que lá tem bate-papo. Repasso: pco.taveira@gmail.com
    Voltarei sexta para comentar o poema, e o outro que falaste.

    Abraços.

    Priscila Cáliga

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  14. Muito belo, adorei a sensibilidade.

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  15. Forte, complexo. Enfim, o que a vida faz com todos nós em algum momento, "as lágrimas banham a realidade".

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  16. Juan: maravilhoso e cheio de reentrâncias!
    Abraços,
    Tânia

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  17. Juan, vertiginoso e arrebatador!

    Guri, estou decobrindo que tu não tens fundo...ainda bem!

    beijos

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  18. "O sol rasteja ao meu lado enquanto lambo a boca gasta de um cotidiano podre, alimentado pelo calor vencido"

    Essa imagem é fortíssima, Juan. E muitas e muitas vezes me sinto exatamente assim. E dói, como dói...

    Beijo grande, querido

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  19. gotas de fel não seriam mais apropriadas meu velho...

    um abraço!

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  20. Precisamos que o mar esteja permanentemente inquieto...

    Abraço

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  21. Estou sempre aqui te lendo... Havia comentado este texto... Não sei pq não aparece...

    Abraço!

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  22. Imagens de tirar o fôlego. - Vendaval!

    Peço desculpas pela ausência. Na medida do possível, vou aparecendo.

    Abraços, meu caro e obrigada pelas visitas ao Nudez Poética.

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  23. Rafael eu fico deleitado com o Bansky e contigo, a sua comtêporaniedade poética ilustra a arte contemporânea do artista e virce-versa

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- Chegue diante do quadro sem intenção preconcebida de sarcasmo.

- Olhe para a pintura do mesmo modo como olharia para uma pedra talhada. Aprecie as facetas, a originalidade da formam, a luta com a luz, a disposição da linha e das cores [...]

- Escolher um detalhe que seja a chave do conjunto, fixá-lo por um bom tempo, e o modelo surgirá.

- Nessa última comparação, deixar-se levar até as regiões da mais requintada Alusão.

Max Jacob


Que os vasos se comuniquem!

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