Lanço palavras em direção ao sol
Apanho do cotidiano podre e gasto pelo tempo
Os persevejos habitam o Jardim do Éden, perfurando seu útero grávido
Lírios de plástico enfeitam barracos, casas e jaulas de borboletas...
O solo adubado por restos tóxicos é arado por crianças descalças e desnutridas.
A noite dorme enquanto o dia trabalha...O cálice de mentiras é servido todas as noites...
A lamparina se apaga
E a terra agora molhada se joga diante do nada...
Cartola sentado no alto do morro pensa com ele mesmo "E a natureza sorrindo, tingindo, tingindo"... e olhando para baixo triste vendo sua escola triste servindo de abrigo se sente nostálgico..."Alvorada lá no morro, que beleza
Ninguém chora, não há tristeza
Ninguém sente dissabor"
Gritos abafados se cansam sem ar...
O útero furado se racha ao meio trazendo consigo o gosto ébrio da morte
Muros de mel derretem
O asfalto quente agora soterrado tomba diante do mar de terra
Vagando pelo canto de uma esquina...olhando para a rua agora inexistente, a alvorada se esconde tímida...!
Texto: Poema de Juan Moravagine Carneiro
Imagem: Cena do Filme Watchman
E a história sempre se repete...
ResponderExcluirAté quando?
tudo ao mesmo tempo agora...
ResponderExcluirO teu poema seria suficiente só pelo título...
ResponderExcluirMeu amigo
ResponderExcluirUm texto dorido como a calamidade que está a acontecer...vivi dois anos no Rio e tenho muita pena.
Petropolis, era linda.
Deixo um beijinho
Sonhadora
[em cada madrugada, anotam-se apontamentos para o dia que nasce, também, torto... como um pouco de nada, de nada]
ResponderExcluirum imenso abraço, Juan
Leonardo B.
Caríssimo Juan.
ResponderExcluirEste teu escrito é-me uma aula; seja poema, inverídico, vermelho, astênico, emese, cinza, abre-me a leveza para ler-te!
Belíssimo!
Muros de mel em asfalto quente. Bonita alegoria.
ResponderExcluirbeijo.
http://vemcaluisa.blogspot.com/
Poema forte como as avalanches que ceifaram vidas inocentes.
ResponderExcluirA denúncia social é também função da poesia.
Ótimos versos.
Abração, Juan.
E a noite se cala para que dos sonhos mais claros nasça a claridade do dia e da vida.
ResponderExcluirJorge Manuel Brasil Mesquita
Lisboa, 17/01/2011
Forte! Intenso, uma realidade em metáforas.
ResponderExcluirGostei!
beejo meu!
Muito bom, Rafael!
ResponderExcluirBeijo.
texto cheio de palavras punjentes e doídas.
ResponderExcluirmui bom.
triste, belo, verdadeiro.
ResponderExcluirabraços e beijos
El
É meu caro...
ResponderExcluirA descrição é forte, pungente e inquietante.
Dá muita revolta.
Um abraço forte e um beijo suave.
Rafael, a vossa casa que diz a esta geração em profundos sinais de uma aurora que sobrevive ante os ataques da comunicação do sistema, olha-se o que se caminha pelas ruas para os secretos intensos que em alquimia nos rios afáveis, com passos simples ao brilho no olhar.
ResponderExcluirPs.: Sou apaixonada pelo seu cantinho!
Abraços querido.
Priscila Cáliga
Cenário apocalíptico de grande intensidade poética, este seu lançar de palavras ao sol.
ResponderExcluirGostei muito!
Vim ler grandes escritos e os encontrei.Parabéns.Voltarei mais vezes e com tempo maior.Um grande abraço!
ResponderExcluirCaramba quanta provocação poética. Parabéns pela verve!
ResponderExcluirAs ruas são partidas ao meio, seremos partidos?
ResponderExcluirVersos que conversam com a realidade, parabéns!
Faz calor,mas sinto frio...
ResponderExcluirProcurava um lugar de palavras que fosse capaz de ajudar a temperatura de minh'alma a chegar a um denominador comum e o que encontro?
Eis aqui uma dízima periódica em meu termômetro...Desejo que jamais tenha fim...
Se for para alcnaçar constatações tão relevantes,quero ferver de frio e tremer de calor...Por tempo indeterminado.
Seguirei sentindo.
Olha, Rafael...
ResponderExcluirum bombardeamento sensorial este teu texto... maravilhoso!! Fiquei zonza...
Beijinho de Luz!
Juan... Rafael... não importa.
ResponderExcluirTexto lindo a despeito das tragédias que o tece.
Ando sentindo a falta tua.
bj
Rossana