"É a maneira que tenho de pensar a vida com mais profundidade. Quando a vida me agarra, me força a refletir sobre ela, é então que nasce o poema. Li vários filósofos, tenho uma porão de idéias, minhas e alheias, mas tem um momento EM QUE ISSO NÃO VALE NADA. Defronto-me com o mundo indecifrável e aí começo esse pensar que resulta no poema. Trata-se de uma questão de vida ou morte"...
"Antes, amadurecia bastantea idéia, ficava pensando o poema na cabeça. Quando me sentava para escrever, já tinha mais ou menos um rumo de por onde o poema ia e ele quase que saía de um jato. Depois modificava apenas uma coisa ou outro.
Atualmente, minha técnica de criação é diferente, eu escrevo dez, quinze vezes o poema. Quando sou motivado, comçeo um primeiro borrão ainda sem um rumo. Em seguida, incorporo outras idéias, em um processo bastante indeterminado. Me agrada nõa saber onde vou chegar. Na verdade, estou desaprendendo a escrever. Hoje, tenho meno domínio técnico. Quando a poesia se restringe à pura técnica, o poema nõa vai além da superficie. Na arte, em greal, quando a técnica se torna hábito e domina a realização, dificulta-se o surgimento do novo"
"Nunca penso assim: é preciso adotar providências. Embora eu seja bastante lúcido em relação a outras coisas, nunca teorizo sobre minha poesia. Apenas observo o que vai acontecendo e procuro me comportar dentro disso. Aliás, acho que minha poesia tem uma tendência para a desordem.
O poema não possui uma forma fatal. Tanto pode sair uma coisa, como outra. A idéia da obra-prima insubstituível, feita exatamente como tinha de ser, não é verdadeira. Se você for escrever o mesmo poema seis meses depois, sai outro. O tema, as idéias permanecem, mas a realização é diferente.
A vida não é determinada, ela é uma invenção. O prrincípio da incerteza da física quântica nõa impera só na dimensão infra-atômica. Na vida normal, é evidente que procuro, tanto quanto possível, pôr ordem nas coisas. No entanto, quando estou fazendo poemas, sou mais livre, mais indeterminado do que quando vou ao mercado"
Imagens: Foto de Ferreira Gullar e cenas do maravilho filme (PI), de 1998. Dirigido por Darren Aronofsky
acabam de me oferecer uma preciosidade: a "novíssima cartilha ilustrada", cujo subtítulo é, justamente, "(des)aprender a ler e a escrever". nem de propósito (hehehe).
ResponderExcluirum abraço!
a "não técnica" vem depois da "técnica".
ResponderExcluir"Li vários filósofos, tenho uma porão de idéias, minhas e alheias, mas tem um momento EM QUE ISSO NÃO VALE NADA".
ResponderExcluirBrilhante e exata afirmação. Há horas em que tudo que se viu/apreendeu não resulta em uma linha.
P.S.: obrigada. Não posto muitos textos meus pois já escrevo muito para os empregos, e falta tempo e energia para escrever sobre o que desejo. Às vezes acontece de escrever algo "de trabalho" que eu goste, e vai para o divã :)
Engraçado como meu jeito de escrever é uma mistura dos jeitos dele
ResponderExcluirJuan
ResponderExcluirGostei das tuas pinceladas...
POEMA
Poema…
Poema lindo e belo…
Poema que me transforma…
E que me leva bem longe…
Sinto que ao ler-te...
O meu pensamento voa, voa alto…
E eu salto para o outro lado…
E lá… sinto que sou outra…
E vejo…um mundo belo…
Um mundo de sonho…
Porque o poema é lindo…
Escrito por quem o sabe escrever…
E leva-me para longe…
Para me poder transformar…
Lili Laranjo
Oi Juan...
ResponderExcluirNovamente aqui, agora pra comentar...rss
A forma de escrever de cada poeta é uma experiência única e individual. Como Gullar bem colocou.
Dele, guardo comigo estes versos:
"Uma parte de mim pesa, pondera: outra parte delira."
Bom receber a tua visita também!
Um grande abraço
Esse grande poeta que amo diz coisas que nos fazem pensar. O poema vem de uma ordem ou de uma desordem? É mesmo difícil de saber. Sai inteiro o que às vezes foi dito pela metade. Sai metade o que foi dito inteiro. De onde vem vem o poema antes que exista? Quem sabe... Adorei o post e amo o poeta, de quem, aliás, peguei emprestado o Traduzir-se para o meu perfil no blog. Adoro as palavras alheias! rs
ResponderExcluirAbraços,
Tania
mais do que técnica escrever poesia é sentir.
ResponderExcluirUm beijo
Olá Juan!
ResponderExcluirObrigado pela sua visita, adorei seu espaço...
E posso te falar com sinceridade que a poesia mais linda é aquela que nasce quando pensamos não estar inspirados, quando não vemos nada, é de lá que ela sai como uma arte...Escrevo livremente, sem métricas e me sinto bem assim sabe...externo só pensamentos...
Bjs da Mila!
Caro Juan, prezado. Orgulho-me de teus comentários. Pasmo-me! Ainda por cima, colocas o Gullar, a quem gosto muitíssimo e, que citou em 27/12/1982: "Está na tua boca, na minha boca, a palavra que eventualmente se converterá em beleza. Ou não." Como vês, somos reféns da linguagem, as vezes, com letras. Um bom abraço. jbaiao
ResponderExcluir:) bonito como escrever é bonito, grande cara esse gullar.
ResponderExcluirCada um é um. concordo com o que diz a Lilian,"mais do que técnica escrever poesia é sentir"...
ResponderExcluirabraço
fechado!
ResponderExcluirEu travei de vez. Faz dias que estou tentando escrever algo, sairam três ou quatro linhas. Desisti (de novo...).
ResponderExcluirQue maravilha esse texto.
ResponderExcluiraprecio muito o Ferreira Gullar.
obrigado pela visita meu querido :)
é sempre bom quando você passa por lá.
beijo!
Linda compilação de textos, muito bem escolhidos. Gratificante lê-lo ao final do dia! Obrigada! Deia
ResponderExcluirideias maduras sempre caem no chão. bom mesmo é ir vomitando, com diz Abreu, depois a gente colhe a flor.
ResponderExcluirTe encontrei em blogs afins.
ResponderExcluirExcelente texto!
Mas a poesia se estabelece ali, no intangível, indecifrável e, portanto, o poema é mais que a técnica.
abraços
A maioria das vezes não sei onde vai dar, nem forma, nem estrutura, nem linguagem. Algumas vezes a idéia me persegue, outras vezes irrompe numa combustão espontânea.
ResponderExcluirP.S - Sou bicho muito curioso, fiquei me perguntando o que anotou para pesquisar (rsrs)
beijão
Bom que teus ventos sopraram pras terras de cá... Gostei do clima, do aroma e do bom tempo que faz por essas bandas!
ResponderExcluir[agradáveis brisas]
..sorriso, paz e arte..
.ventura.
Q maravilha essa entrevista! Gosto demais desse cara! Esse jeito maluco! valeu demais... Excelente contribuição!
ResponderExcluirNosso Blog abriu a Seção Enfoque Educacional.
ResponderExcluirNosso convite está aberto a todos que se interessam pelo tema.
Aproveitamos a oportunidade para desejar aos amigos um ótimo fim de semana.
Um abraço carinhoso
Pois é...de sa pren der
ResponderExcluirme parece um verbo
que esta sendo imposto
aos que ainda creem em algo...
Mas ha o lado ruim e o lado bom. Mas nunca se tratando de desaprender
nossa escrita
ou o que ainda temos de bom em nós.
Temos ne?
Bjins entre sonhos e delírios
Despudorada-Mente Eu
Hoje
na verdade
queria despir-me.(...)Reflexo d'Alma
Lembro bem, li na época.
ResponderExcluirJuan
ResponderExcluir"Quando a poesia se restringe à pura técnica, o poema não vai além da superficie"
Poesia é mergulho, até onde o nosso fôlego aguentar! Quanto mais nos tira o ar, melhor fica!
Lindo texto do Gullar.
Obrigada pela partilha e pela presença sempre carinhosa no meu Encantaventos!
Bj grande!
Genial! Técnica de desaprender a escrever pra melhor fazer... ;)
ResponderExcluir"Me agrada nõa saber onde vou chegar." !!!
ResponderExcluirEscrevo como quem afaga um corpo no papel...